Metade da população algarvia é inativa

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O peso dos inativos tem crescido a olhos vistos nos últimos anos. São já mais de 216 mil as pessoas nesta situação no Algarve

Mais de cinco mil algarvios deixaram de ser desempregados no último ano porque se tornaram inativos. Em muitos casos são reformados, mas também há cada vez mais pessoas que simplesmente desistiram de procurar ou jovens que emigraram. No mesmo período, os números do INE mostram que 1.800 pessoas deixaram de ser desempregadas porque encontraram um emprego na região. Ou seja, o desemprego está mesmo a descer, mas à custa de um aumento brutal dos inativos, que já representam quase metade do total da população algarvia

 

O Algarve tem mais 1.800 pessoas empregadas do que há um ano e menos 6.800 desempregados, registando no segundo trimestre deste ano 24.200 pessoas inscritas nos centros de emprego. Estes são os números oficiais, revelados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e que dão conta de uma descida acentuável do desemprego na região.

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Mas para onde foram os desempregados que não voltaram ao mercado de trabalho (5.100 pessoas)? É aqui que entra a população inativa e a redução da população devido ao saldo natural e à emigração, mas já lá vamos…

O Algarve foi efetivamente, como foi muito apregoado na semana passada, uma das regiões onde o desemprego mais desceu no país no segundo trimestre de 2015, com uma diminuição de 2,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado (está agora nos 10,8%, abaixo da médica nacional – 11,9%).

Esta queda do desemprego na região coincide mais uma vez com o arranque da época alta do turismo e a criação de empregos sazonais nesta altura do ano.

Porém, estes números revelam ainda outra realidade sobre a região, e evidenciam um problema muito grave que está a evoluir perigosamente no Algarve: a população ativa (soma da população desempregada com a população empregada) passou de 228.800 indivíduos para 223.900, ou seja, há menos 4.900 pessoas ativas em relação ao ano passado.

Por outro lado, a população inativa (pessoas com mais de 15 anos de idade, mas que não estão a trabalhar nem a procurar emprego), aumentou 5.100.

Segundo os dados do INE, a taxa de inatividade no Algarve é agora de 40,1 por cento, uma das proporções mais elevadas da última década (38,8% no mesmo período de 2014). Este valor mede o grau de dependência na sociedade, porque as pessoas inativas dependem das contribuições das pessoas empregadas, e mostra que a dependência tem vindo a subir, devido ao aumento das pessoas inativas.

Cada vez mais jovens engrossam lista de inativos

A maior parte dos inativos são reformados, o que se deve também ao envelhecimento da população. Mas a novidade é a subida da população inativa com idades dos 25 aos 34 anos (mais 15,3%) e entre os 35 e 44 anos (mais 14,5%).

O número de inativos estudantes (15 aos 24 anos) também aumentou cerca de 4%, para 27.300 indivíduos, o que poderá vir a moderar também o avanço do desemprego, pois desta forma fica retardada a entrada na vida ativa.

Fica assim claro que o peso dos que engrossam a lista dos inativos tem crescido a olhos vistos nos últimos anos, muitos deles porque quando ficam desempregados passam a inativos pela desistência de procurar emprego.

São mais de 216 mil as pessoas nesta situação no Algarve, cuja população total ascende aos 440 mil habitantes. Ou seja, são já quase metade…!

Algfuturo alerta para elevado desemprego entre os jovens

Entre a população inativa da região destacam-se 27.300 jovens entre os 15 e os 24 anos de idade, dos quais muitos estarão à procura do primeiro emprego, o que mostra as enormes dificuldades de ingressar no mercado nesta fase. Para muitos destes jovens a saída é a emigração. E os emigrantes deixam simplesmente de contar no inquérito ao emprego do INE, que é aplicado à população residente.

Estes dados do INE também mereceram a atenção da União Pelo Futuro do Algarve (Algfuturo), que no seu barómetro social dá ênfase aos números do desemprego, especialmente no que toca aos jovens.

“Comparando com o trimestre homólogo de 2014, o desemprego no Algarve desceu 2,7% e ficou 1% abaixo da média nacional (10,8%, versus 11,9%), sendo que o grau etário 15/24 anos, com 24% de taxa de desemprego, registou o valor mais elevado, correspondendo a 4.200 desempregados”, refere a associação.

Por outro lado, a Algfuturo também alerta para “a extrema dependência dos serviços”, já que a nível de emprego e considerando todo o tipo de serviços (privados e públicos), “a representatividade é de 97% dos 199.700 empregos”.

A associação sublinha ainda que as estatísticas do INE revelam que “dos 160.800 trabalhadores por conta de outrém, cerca de dois terços tem vínculo sem termo” e apenas um terço tem contrato com termo.

Já no plano salarial, “39% tem rendimentos mensais líquidos superiores a 900 euros, 34% entre 600 e 900 euros e 27% entre 319 e 600 euros”, rematam os responsáveis, que encaram estes números com preocupação.

É que, apesar de a taxa de desemprego no segundo trimestre deste ano ter caído para os 10,8% no Algarve (em 2014 fixou-se nos 13,5%), é preciso referir que antes de 2010 nunca tinha ultrapassado os dois dígitos: 9,1% em 2009, 7,2% em 2008, 6,8% em 2007, 5,1% em 2006, 6,3% em 2005…

Nuno Couto/JA

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