Merkel tentou puxar as orelhas a Draghi

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A chanceler Angela Merkel e o seu ministro das Finanças Wolfgang Schäuble teriam “chamado”, na semana passada, a Berlim, Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), para uma reunião sobre as declarações deste no simpósio em Jackson Hole, segundo a revista alemã “Der Spiegel”. O porta-voz da chanceler desmentiu que a reunião se tenha realizado para esse efeito. A revista não citou fontes, segundo o despacho da Reuters.

Draghi referiu no simpósio nos Estados Unidos, a 22 de agosto, que a política orçamental desde 2010 na zona euro esteve menos disponível e foi menos eficaz do que a realizada noutras grandes economias desenvolvidas e que era indispensável que, agora, os governos e a Comissão Europeia (através dos instrumentos disponíveis) colaborassem para o “impulso da procura agregada”. “Seria útil para a orientação geral da política, se a política orçamental pudesse desempenhar um papel maior ao lado da política monetária”, recomendou Draghi. O ministro Schäuble considerou, depois, numa entrevista a um jornal alemão, que terceiros estavam a “interpretar abusivamente” as palavras de Draghi.

Num artigo publicado no domingo no jornal “Financial Times”, o ministro das Finanças alemão e o ex-porta voz da CDU (o partido de Merkel) para a política externa, Karl Lamers, propõem a existência de um comissário europeu para o orçamento com poder de veto sobre os orçamentos nacionais dos países membros do euro. Os dois políticos alemães propõem, também, a criação de um “parlamento da zona euro”, formado pelos deputados no Parlamento Europeu representando os membros do euro.

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O presidente do BCE reune hoje em Paris com o presidente François Hollande que, na sequência das declarações do italiano nos EUA, propôs uma cimeira extraordinária europeia sobre o crescimento.

O BCE reúne esta quinta-feira e gerou-se entre os analistas uma enorme expetativa sobre que “sinais” poderá dar a reunião em termos de concretização de medidas de política monetária e que clarificações poderá Mario Draghi produzir a respeito das suas palavras em Jackson Hole, que tanta polémica já geraram.

Ampla desaceleração na indústria da zona euro

Entretanto, confirmou-se que, em agosto, houve uma “ampla desaceleração” do sector industrial da zona euro, segundo os índices PMI (acrónimo para Purchasing Manager’s Index) divulgados esta segunda-feira pela Markit.

A divulgação esta segunda-feira de manhã dos indicadores da Markit sobre o andamento das condições na indústria na zona euro e em oito países membros em agosto adicionou mais lenha à fogueira. O índice PMI para o conjunto do sector manufatureiro da zona euro baixou de 51,8 em julho para 50,7 em agosto. O índice é baseado nas opiniões de um painel de 3000 empresas do sector privado em oito países (Alemanha, Áustria, Espanha, França, Grécia, Holanda, Irlanda e Itália) da zona euro. Apenas a Irlanda, cujo índice está no nível mais elevado desde o final de 1999, e a Grécia, escaparam ao pessimismo.

Como conclui a Markit, a desaceleração na indústria da zona euro vai dar mais argumentos aos analistas que esperam estímulos adicionais por parte da política orçamental e monetária.

O Destatis, o instituto de estatísticas alemão, confirmou esta segunda-feira a estimativa rápida anterior de que a economia da “locomotiva” da zona euro se contraiu em agosto 0,2% em relação ao mês anterior.

Estes dados juntam-se à confirmação pelo Eurostat na semana passada que a inflação anual em agosto desceu para 0,3% na zona euro.

RE

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