Maior tragédia de sempre no Mediterrâneo. Mais 700 mortos a somar aos 4500 dos últimos 15 meses

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Os imigrantes arriscam a vida em barcos sem condições

As águas translúcidas do Mediterrâneo transformaram-se num gigantesco cemitério dos desafortunados do século XXI. Nos primeiros três meses e meio de 2015 morreram 950 pessoas neste mar, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), dirigido por António Guterres. E em 2014 estima-se que tenham perdido a vida 3500.

Um tweet da Guarda Costeira Italiana informava às 15h04 [14h04 em Portugal] que tinham sido retirados do mar 24 corpos e salvas 28 pessoas. O naufrágio que ocorreu na madrugada deste domingo, com um pesqueiro que partiu de Tripoli transportando pessoas como se fossem carga de contentores, é o segundo em menos de uma semana, a sul da ilha italiana de Lampedusa. Está em curso uma grande operação de resgate onde participam as marinhas italianas e maltesas, e barcos da marinha mercante. Até agora só foram salvas 28 pessoas.

Se no naufrágio desta madrugada a sul de Lampedusa tiverem morrido 700 pessoas, o número de vítimas em 2015 sobe para 1650. Estas vítimas são gente como nós que vivemos do lado afortunado do Mediterrâneo. Na sua grande maioria são imigrantes clandestinos vindos de quase toda a Àfrica, ou sírios e líbios que fogem à guerra, desafiando a sorte e o destino para tentar chegar à Europa, através da Grécia e Itália.

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Os naufrágios sucedem-se a um ritmo quase semanal, confundindo-se e sobrepondo-se no fio das notícias. Em janeiro de 2012, António Guterres, alertou o mundo para o facto de o Mediterrâneo se ter tornado no “braço de água mais mortal do mundo para imigrantes e refugiados”. Passaram três anos sobre este apelo e esta espécie de genocídio a que vamos assistindo nas notícias continua.

Na última quarta-feira, o ACNUR emitiu um comunicado dizendo que as autoridades italianas tinham salvo 142 pessoas num naufrágio ocorrido dois dias antes, a sul de Lampedusa. Esse comunicado dizia que poderiam ter morrido 400. Menos de uma semana depois a história repete-se; só se teme que o números de mortos seja maior.

Desde 2006, que o ACNUR regista os números de pessoas que todos os anos tentam atravessar o Mediterrâneo em condições infra-humanas. E o número das que perdem a vida quando tentam alcançar o sonho europeu também está registado. Esses dados diziam-nos, em 2012, que 2011 tinha sido o ano mais mortífero do período anterior: Mais de 1500 pessoas perderam a vida. A partir daí, com o início da guerra na Síria e as mudanças na Líbia, os números de pessoas que tentam a travessia não param de aumentar. E o número de mortos também não.

RE

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