Livros: A russa que fez um bancário de Mértola perder a cabeça

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É o oitavo livro do escritor e jornalista algarvio José Cruz, e o quatro romance, este produzido pela Viprensa, empresa que edita o Jornal do Algarve. Quem estava à espera da segunda parte da trilogia “Fronteiras de Bloqueios” terá que dar, antes, um passeio pela Europa, até Moscovo, através deste romance

DOMINGOS VIEGAS

Quando todos esperavam que José Cruz surgisse com o segundo livro da trilogia “Fronteiras de Bloqueios”, depois do primeiro (“Águas Vivas de Levante”) ter sido lançado em 2016, o escritor e jornalista algarvio José Estêvão Cruz voltou a surpreender, interrompeu aquela sequência, e, na passada quinta-feira, apresentou um novo romance, intitulado “A Misteriosa Sovieta Ulianova”.

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“Descobri elementos novos para o enredo do próximo livro da trilogia e, por isso, decidi lançar já este romance que ficou pronto antes. Mas o outro também já está muito adiantado e espero apresenta-lo ainda durante este ano, talvez em junho”, explicou o autor.

Agora, e em vez de ter a ação centrada no território do Baixo Guadiana, como aconteceu nos seus livros anteriores, este novo romance começa na Mina de São Domingos, concelho de Mértola, e percorre a Europa, até Moscovo, passando por cidades como Londres ou Sevilha.

“Há viagens de avião, de comboio… Peguei em todo o meu acervo de viagens e coloquei as personagens a viajar pelos locais onde estive nas últimas décadas. Os cenários e os locais existem, porém o resto é tudo mentira. Mas da mentira vai saindo a verdade…”, referiu durante a apresentação que decorreu na Biblioteca Municipal Vicente Campinas, em Vila Real de Santo António.

Esta nova obra conta a história de Pedro, um quadro superior da Banca, nascido no ambiente rural do concelho de Mértola, que é nomeado para dirigir uma sucursal bancária em Moscovo. Aí terá como principal colaboradora uma cidadã russa, de nome Sovieta Ulianova. Para Pedro foi um reencontro, já que era a mesma mulher que trabalhava no serviço de mesa do cruzeiro turístico que ele tinha feito dez anos antes.

Amélia, mulher de Pedro e empresária do setor imobiliário no Algarve, recebe um telefonema inesperado do marido e este revela-lhe que não pretende voltar para casa. É o primeiro golpe num amor que se pensava ser indestrutível e que leva Amélia a querer descobrir a razão porque foi abandonada. Pedro, por seu turno, só quer saber se pode ter Sovieta, uma mulher estranha que esconde um misterioso poder.

“A Misteriosa Sovieta Ulianova” é uma produção da Viprensa, empresa editora do Jornal do Algarve. Num período que não é de vacas gordas para as editoras, Fernando Reis, proprietário da empresa e também diretor do Jornal do Algarve, garantiu que “é um orgulho produzir esta obra” e explicou que a Viprensa “fez este esforço, não só pela inquestionável qualidade dos livros escritos por José Cruz, mas também devido à sua colaboração, ao longo das últimas décadas, com o Jornal do Algarve”.

Fernando Reis explicou ainda que, além da colaboração nos últimos anos, José Cruz “aguentou o Jornal do Algarve num período muito difícil”, entre os finais da década de 1970 e o início da década de 1980, e assegurou que “se o Jornal do Algarve chegou até aos nossos dias, com 61 anos de edições semanais ininterruptas, isso também se deve a ele”.

José Estêvão Cruz nasceu em Vila Real de Santo António, em 20 de julho de 1947. É bancário aposentado, músico, político e jornalista. Dirigiu a Redação do Jornal do Algarve, com o qual também tem colaborado noutras áreas, e do Jornal do Baixo Guadiana. Foi correspondente da Agência ANOP (Lusa), do semanário O Jornal, do Diário e do Público. Nas rádios, colaborou com a RDP/Rádio Algarve, Antena 5, Antena 3 (Espanha) e Rádio Guadiana.

Na política, foi deputado à Assembleia da República (pelo PCP) e desempenhou vários cargos no poder local e regional, entre os quais os de presidente da Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António, deputado municipal, vereador na Câmara da mesma cidade, vice-presidente da Assembleia Geral da Comunidade Intermunicipal do Algarve e presidente da Assembleia Geral da Associação Odiana.

Foi galardoado como 1.º Prémio de Jornalismo da Região de Turismo do Algarve (ex aequo). Já escreveu “A Flor e a Arma Flor” (teatro infantil, 1975), “Sol e Sal” (romance, 1996), “Neurónios Flutuantes” (poesia, 1999), “Brumas de Barra” (poesia, 2011), “Marés Travessas” (conto, 2013), “Xá e Luís na Circunstância” (romance, 2014), “Águas Vivas de Levante, Livro Primeiro” (romance, 2015) e “Multiversos” (poesia, 2016).

Orientou a antologia de poesia popular “Outonos Inquietos”, a monografia “Monte Gordo, Desenhando o Azul do Mar”, da autoria de Luís Viegas, e o livro “História da Náutica de Recreio no Rio Guadiana”, em parceria. Participa nos movimentos “Poetas do Guadiana”, do qual foi cofundador, e Palavra Ibérica.

O seu próximo livro, tal como revelou, já está praticamente concluído e será o segundo da trilogia “Fronteiras de Bloqueios”, cujas ações decorrem no Baixo Guadiana, especialmente em Vila Real de Santo António, entre o século XVIII e os finais do século XX. Se a ação do primeiro, “Águas Vivas de Levante”, tinha lugar entre Castro Marim e Monte Gordo, antes da fundação de Vila Real de Santo António, no segundo as personagens vivem no período do Iluminismo e da criação da cidade pombalina, com o enredo a prolongar-se até à altura da criação das primeiras fábricas de conserva.

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