França prolonga estado de emergência por mais seis meses

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A maioria dos membros da Assembleia Nacional francesa aprovou a extensão do estado de emergência por mais seis meses, até janeiro de 2017, no rescaldo do massacre de Nice que provocou 84 mortos e dezenas de feridos durante as celebrações do feriado nacional e apesar de um recente inquérito parlamentar ter apurado que a medida é “pouco eficaz” na melhoria da segurança.

Falando aos deputados, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse que o país deve estar preparado para mais ataques como os da semana passada e os que, em novembro, provocaram mais de 130 mortos em Paris e que foram reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), levando à entrada em vigor do estado de emergência.

“Ainda que estas palavras sejam difíceis de dizer, é o meu dever dizê-las”, disse Valls, sublinhando que, apesar das medidas de precaução, não é possível garantir total segurança e que os franceses devem aprender a viver com a ameaça. “Vai haver outros ataques e vai haver gente inocente a morrer. Não podemos ficar acostumados, não podemos nunca ficar acostumados ao horror, mas temos de aprender a viver com esta ameaça.”

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O estado de emergência, que dá mais poderes às autoridades para lidarem com ameaças e suspeitas de terrorismo, podendo levar a cabo buscas e colocar pessoas sob prisão domiciliária, foi alargado às primeiras horas desta quarta-feira, naquela que é a quarta extensão da medida proposta pelo parlamento francês. Segue agora para o Senado para aprovação final.

Isto apesar de uma comissão de inquérito parlamentar ter recentemente apurado que o estado de emergência de um “impacto limitado” nas melhorias da segurança, com os relatores a porem a causa a validade e os frutos do destacamento de entre seis mil e sete mil soldados para patrulharem escolas, sinagogas, grandes superfícies comerciais e outros locais que possam ser alvos de ataques.

No início deste mês, o Presidente François Hollande tinha anunciado que, depois das três anteriores extensões, a última das quais para cobrir o Euro 2016 e o fim da Tour de France, não pretendia manter o estado de emergência aplicado para lá de 26 de julho. Mas o ataque levado a cabo em Nice na noite de 14 de julho, dia da Tomada da Bastilha, por um francês de origem tunisina ditou o contrário.

Nessa noite, enquanto residentes e turistas se preparavam para assistir ao fogo-de-artifício no passadiço marítimo daquela cidade da Riviera francesa, Mohamed Lahouaiej Bouhlel conduziu um camião a toda a velocidade contra a multidão, provocando 84 mortos e mais de 100 feridos.

Descrito como uma pessoa “nada religiosa” e algo antissocial, ainda não se sabe o que levou Bouhlel a executar este ataque. Apesar de o Daesh o ter reivindicado, para já nada indica que o homem fosse militante do grupo radical. Ainda assim, existem fortes suspeitas de que não agiu sozinho, com a polícia a deter cinco suspeitos de envolvimento no ataque e analistas a apontarem que o principal suspeito, abatido no local, pode ter agido inspirado pelo Daesh mas com outras motivações que não a jihad.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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