Exploração pecuária dá lugar a hotel de luxo no Algarve

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É um “Algarve diferente” que se pretende dar a desfrutar aos turistas no hotel Riverade, cuja obra está em vias de começar num espaço com quase 50 hectares em Estômbar, no concelho de Lagoa, que era uma estação agropecuária onde se criavam porcos ou vacas, há vários anos desativada. Envolvendo investimentos de €5 milhões, o projeto da Sociedade Agropecuária Rio Arade, que pertence ao grupo Euroeste, vai integrar um hotel rural com 31 quartos, no objetivo de ter classificação de cinco estrelas e poder abrir as portas em 2019. Além do hotel, o projeto também vai incluir 10 hectares para produção de vinho e mais oito hectares para agricultura, a possibilidade de fazer passeios de barco pelo rio Arade, sendo a sua área predominante a zona de reserva ecológica, que vai permanecer intocada.

“Este projeto vale pelo seu todo, num conceito de hotel rural também com vinha e produção de hortícolas, trilhos para descobrir a fauna e a flora nas zonas virgens, e a mais-valia verdadeiramente diferenciadora será o rio Arade”, salienta Manuel Amorim Ferreira, gestor do projeto Riverade frisando que apesar do hotel se localizar a cinco quilómetros do mar em linha reta, “o nosso cliente nunca será o que quer ir só à praia, mas o que vem ouvir passarinhos, ver a paisagem, participar nas atividades da vinha ou ir à horta apanhar laranjas e dizer na cozinha para lhe fazerem um sumo. Temos um espaço enorme e apostamos neste conceito de turismo de natureza, um mercado com grande potencial junto de turistas do Norte da Europa”.

Vacaria convertida em adega

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O projeto Riverade teve diversas limitações arquitetónicas, desde logo a obrigatoriedade do hotel se instalar exclusivamente nas áreas onde já se encontravam os edifícios da antiga exploração pecuária em Lagoa. A construção vai assim desenvolver-se em três edifícios, com o pavilhão de maior área e onde estavam os porcos da exploração a dar lugar ao volume principal do hotel, onde vão funcionar a receção, 24 quartos duplos e duas suítes. Num segundo edifício vai ficar o restaurante, além do bar e da piscina com terraço, e num terceiro volume irão nascer duas moradias com dois pisos, passando desta forma a capacidade do hotel para 31 quartos. A solução arquitetónica foi elevar o edifício do hotel com uma estrutura suspensa por estacas, de forma a todos os quartos poderem ter vista para o rio Arade.

A obra do hotel vai começar no segundo semestre, prevendo-se que fique concluída em cerca de 20 meses. O primeiro passo do projeto foi reabilitar o edifício da antiga vacaria que fica no meio da vinha e convertê-lo numa adega, onde terão lugar provas de vinhos e outros eventos de enoturismo.

“A adega está situada a meia encosta e com vista para o rio Arade, que é sempre uma referência neste projeto”, frisa Manuel Amorim Ferreira. “Transportámos um pouco o espírito do Douro para o Algarve, pois além do ambiente fluvial nesta zona também a morfologia do terreno é parecida, com a vinha a desenvolver-se em patamares”. Uma parte importante do projeto turístico serão os passeios no rio Arade, tendo os hóspedes do hotel um barco à disposição “que os pode levar onde quiserem, até Silves ou Portimão”.

A produção agrícola também vai marcar o projeto Riverade, num espaço com oito hectares destinado a hortícolas e frutas, que além de poderem ser consumidos no próprio hotel também serão comercializados no exterior. “Podemos produzir aqui melão, meloa, tudo o que quisermos. O Algarve tem a vantagem de proporcionar produção agrícola de frutas e hortícolas mais cedo que no resto do país”, nota o gestor do empreendimento.

Outro trunfo do projeto é o imenso espaço natural da várzea no lado nascente da propriedade. “Temos manchas intocadas com uma vegetação muito própria do interior algarvio no seu estado mais puro. É uma espécie de sapal onde passa muita bicharada que as pessoas gostam de ver, desde patos, garças, galinholas ou guarda-rios, pássaros que no Algarve chamam de espreita-marés”, salienta Manuel Amorim Ferreira. “A nossa aposta forte no Algarve é no conceito de turismo de natureza com muita qualidade e para as pessoas estarem sossegadas, que não se enquadra com um turismo massificado”.

Conceição Antunes (Rede Expresso)

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