A exploração de petróleo e gás está a provocar um número cada vez mais elevado de sismos no estado norte-americano do Oklahoma. É a conclusão de um estudo agora publicado na revista Science. No período a partir de 2008, a frequência de eventos sísmicos aumentou cerca de quarenta vezes. Em 2001 houve mesmo um sismo de magnitude 5.7 que destruiu 14 habitações.
O estudo analisa a chamada “migração de fluidos” e conclui que os sismos podem produzir-se a dezenas de quilómetros daquilo a que lhes dá origem – a re-injeção de águas residuais no solo, após o petróleo ter sido extraído. Ao todo, mais de 2500 eventos terão ocorrido no período em causa, que se seguiu a uma duplicação das águas residuais entre 2004 e 2008.
O engenheiro António Costa e Silva, professor no IST e presidente da comissão executiva do grupo Partex Oil and Gas, empresa envolvida na exploração de petróleo em diversos países, reconhece uma ligação entre essa atividade e os sismos. Na sua opinião, as entidades regulatórias nos Estados Unidos já têm esses fatores em conta, monitorizando-os e registando-os em permanência.
“Há que adequar as pressões aos modelos de tensão na rocha”, explica. Dois eventos sísmicos por dia será tolerável – eventos impercetíveis no dia a dia, entenda-se. “Às vezes, na euforia, excede-se o limite”, esquecendo-se que no subsolo existem inúmeras falhas entre as rochas. O estudo agora publicado refere justamente um efeito de “lubrificação” que as águas residuais produzem nessas falhas.
Até hoje não terá havido nenhum grande sismo causado pela exploração de recursos carboníferos, mas dois terramotos alarmaram a população de Blackpool, Inglaterra, em agosto do ano passado. A empresa Cuadrilla, que tinha conduzido testes com vista a operações de fracking (extração de gás natural mediante injeção de líquidos no solo), acabou por desistir dessa atividade no Lancashire.
“Vivemos num planeta com placas tectónicas”, lembra Costa e Silva. Em Portugal, onde os eventos sísmicos são frequentes, existem alguns projetos para explorações na zona de Peniche e no Algarve. Por enquanto ainda nada se concretizou.
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