Estrangeiros querem investir no porto comercial de Faro

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O projeto abarca uma área de 18 hectares e inclui diversas estruturas como marina, hotéis, estacionamento, entre outros

A criação de um aquário e o novo centro de investigação do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve são o motor de um projeto de requalificação urbana do Porto Comercial de Faro que inclui ainda hotéis, uma marina e residências para a terceira idade. Avaliado na sua concretização em cerca de €170 milhões, foi concebido em parceria pela Câmara Municipal de Faro (CMF) e o CCMAR e apresentado publicamente em junho. Cabe a uma comissão de avaliação decidir o futuro desta área portuária, no entanto a ideia avançada por estes dois organismos, suscita já a atenção de investidores oriundos dos Estados Unidos da América, Ásia, Europa e Médio Oriente.

Com 18 hectares de área e uma localização privilegiada na zona ribeirinha, este é para Adelino Canário, presidente do CCMAR, um local privilegiado para a atividade de investigação marítima do centro que dirige. Foi pelo facto de o porto estar inativo há cerca de um ano e pela sua localização que nasceu a ideia de criar nele uma estrutura académica ligada à investigação, como se de um “campus universitário do mar” se tratasse. A autarquia associou-se a esta ideia e vê na junção entre atividade económica, turística e universitária uma mais-valia para a cidade.

O arquiteto Pedro Vaz colocou no papel a vontade dos promotores. Um centro de investigação com capacidade para 300 investigadores numa zona com água de qualidade para o trabalho que desenvolvem e um aquário com 7000 m2 que mostre a riqueza natural da zona são o motor do projeto, intitulado de Farformosa. Dele fazem ainda parte um centro náutico com 3050 m2, marina com 440 lugares de amarração, zona de reparação naval, três hotéis, um polo universitário, 63 moradias e mais 40 quartos de residências assistidas com um núcleo central de apoio, 23.380 m2 de comércio e serviços, 11.500m2 de espaços comerciais e restauração, centro de congressos com 1200 lugares, uma incubadora de empresas ligadas à economia do mar para 20 negócios, 26 mil m2 de áreas verdes, heliporto, ciclovias e lugares de estacionamento.

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Conciliar interesses

“Além da leitura dos documentos de gestão territorial que definem as regras a observar na área de intervenção e nas zonas circundantes, procurámos perceber as expectativas e desejos das entidades com tutela sobre o território e áreas confinantes”, explica Pedro Vaz. O porto está retirado do Parque Natural da Ria Formosa, mas as preocupações ambientais não estiveram ausentes do desenho arquitetónico. As residências assistidas para a terceira idade foram colocadas na orla do território, com estrutura de palafita, levantadas do chão, para que no futuro e se necessário, possam ser reconvertidas noutro uso. “Encolhemos a área construída e estamos a oferecer 31 mil m2 de área de renaturalização e permitir que o sapal possa avançar sobre o terreno”, refere o arquiteto. Já os hotéis têm enfoques diferentes, um mais encostado à periferia ligado ao lazer, outro na parte mais urbana para dar apoio aos congressos e o terceiro vocacionado para os investigadores que o CCMAR poderá vir a receber.

Apresentado em junho numa sessão pública em Faro, esta requalificação atrai olhares dentro e fora de Portugal. “Já tínhamos contactos de investidores estrangeiros onde se falou de um equipamento desta natureza, embora não com todas estas valências. Depois de vir a público já tivemos três ou quatro contactos de grandes investidores a perguntar como é que o projeto se iria desenvolver. Tenho a plena convicção que se avançar existirão muitos investidores interessados em estudar o plano de negócio e em concorrer a ele”, refere Rogério Bacalhau, presidente da CMF. Esses investidores são, acrescentou, americanos, europeus, asiáticos e do Médio Oriente. Mas há também portugueses interessados.

O destino a dar ao porto comercial de Faro está em estudo por uma comissão que integra, entre outras entidades, a Comunidade Intermunicipal do Algarve formada pelos seus 16 municípios e que irá decidir o modelo de gestão e o uso a dar aos portos algarvios. A autarquia e o CCMAR fizeram chegar a esta entidade a sua proposta e aguardam a decisão sobre o que virá a ser feito.

Impacto na região

Para avançar com esta ideia, Adelino Canário afirma “que falta em primeiro lugar que o ministério do mar decida que é isto que pretende para o porto de Faro, essa decisão é crucial”. Está otimista e lembra que a ser criado “irá mudar Faro. As pessoas não vão ao centro da cidade e isto iria criar um polo para puxá-las para o centro e pode ser um exemplo para outras zonas no país, mostrando que é possível conciliar diferentes interesses em locais com alta sensibilidade”.

Sendo que a ideia que concebeu com a autarquia está orçada em €170 milhões, Adelino Canário acredita que o modelo de financiamento deve passar por colocar no caderno de encargos a obrigatoriedade de construir a parte pública que ocupa 25% do território, para que o investidor possa usufruir da restante área.

Para o autarca Rogério Bacalhau a ser edificado o impacto seria grande não só para a cidade, como para a região. “Temos milhares de barcos que passam aqui em frente à nossa costa, vindos do sul de Espanha para o norte da Europa e que não têm onde atracar. Este equipamento reúne todas as condições para ser sustentável e trará uma nova centralidade ao Algarve”. Tem ainda a capacidade de criar 1500 postos de trabalho.

Adjacente ao porto comercial de Faro fica a área do Bom João, uma zona com indústria degradada e em parte abandonada, para a qual a autarquia tem em estudo um plano de pormenor. O futuro a dar a esta área está, explica Rogério Bacalhau, em profunda ligação com o destino do porto.

Rede Expresso

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1 COMENTÁRIO

  1. A primeira questão é que profundidade tem a barra e os canais que utilizam para chegar ao cais.

    O projecto é interessante mas não fala se irão ser desviados os depósitos de gás butano. É um projecto arrojado e motivador agora as burocracias e os investidores é que dirão se tem pernas para andar..

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