Erro médico tira “pernas” mas não rouba sonhos a jovem algarvio

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Ricardo Monteiro passa mais de 12 horas por dia na cadeira de rodas, que, além de velha, não está adaptada às atividades do jovem

Ricardo Monteiro é um jovem de Olhão, com 23 anos, que nasceu com paralisia cerebral, mas isso nunca o impediu de estudar, ser escuteiro e ter uma vida normal. Porém, há cinco anos, uma simples operação à apêndice deixou-o tetraplégico. Para recuperar a “liberdade”, Ricardo precisa de uma cadeira de rodas elétrica que o leve a “correr” atrás dos seus sonhos

“A minha total liberdade só será possível com uma cadeira de rodas elétrica, que faça o papel das minhas pernas e me levem para todo o lado, pois faço uma vida completamente normal e ando todos os dias na rua, na estrada, nos passeios, nos autocarros, na calçada antiga, na calçada portuguesa, na terra, enfim…”, desabafa Ricardo Monteiro, jovem de 23 anos que é portador de paralisia cerebral desde a nascença.

A doença afetava apenas parte das funções motoras do jovem olhanense, ou seja, Ricardo nunca teve quaisquer problemas em estudar e fazer um vida em tudo igual aos jovens da sua idade. A paralisia cerebral também não o impediu de ser escuteiro do grupo Nº6 da cidade de Olhão durante os últimos 18 anos. O jovem acampava, fazia longos percursos a pé e de bicicleta, e até participava em desportos radicais.

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Depois de completar o 12º ano, Ricardo Monteiro foi em busca de outros sonhos para Lisboa, onde tirou duas formações (Relações Públicas e Produção e Gestão de Eventos) e, ao mesmo tempo, começou a tirar a carta de condução adaptada. Iniciou-se, ainda, no lançamento do disco adaptado e estava a entrar na universidade.

“De um momento para o outro, deu-me uma dor muito forte e fui parar ao hospital. Acabei por ser submetido a uma simples operação à apêndice, que é uma operação bastante simples e que se faz milhares por dia. Tudo começou aqui”, recorda o jovem algarvio, lembrando o triste dia, há cinco anos, em que “entrei no hospital pelo meu próprio pé e já só saí de lá numa cadeira de rodas”.

“As cidades não estão preparadas para uma cadeira de rodas”

Apesar de o hospital em Lisboa nunca ter admitido responsabilidades, Ricardo Monteiro considera que houve “negligência médica” no seu caso. “Tratou-se de erro médico. E desde essa data que estou numa cadeira de rodas e tento refazer a pouco e pouco a minha vida, dentro do possível”, lamenta.

Como não é de baixar os braços, o jovem começou a juntar tampas de plástico para conseguir angariar dinheiro para comprar uma cadeira de rodas elétrica adaptada. Mais recentemente, a Associação Espiral de Vontades também lançou uma campanha para ajudar Ricardo.

“A cadeira que tenho neste momento já não me consegue dar a qualidade de vida que pretendo”, explica o jovem olhanense, acrescentando que “as nossas cidades também não estão preparadas para uma cadeira de rodas, logo o seu desgaste é muito grande”.

“A minha já tem milhares de quilómetros em cima e muitas mazelas do uso que lhe dou, que são mais de 12 horas diárias em cima da cadeira”, frisa, adiantando que a cadeira adaptada à sua situação custa 19.245 euros.

Até conseguir o seu objetivo, Ricardo Monteiro vai continuar a sair de casa todos os dias para alcançar os seus sonhos. Atualmente, para além da paixão dos escuteiros, o jovem é atleta do Sporting Clube de Portugal na modalidade de desporto adaptado Boccia.

“Todos os dias acordo com um sorriso na cara e com os dias cheios de atividades, como o desporto, a fisioterapia, terapia da fala, psicologia, escuteiros, entre outras”, sublinha.

Ajudar o Ricardo pode ser através da separação e recolha de tampas de plástico (pontos de entrega da associação Espiral de Vontades – bombeiros de Monchique, GNR de Portimão, escolas do agrupamento da Bemposta – Portimão ou nas escolas de Lagos), ou através de donativo na conta da associação da Caixa Agrícola de Monchique (NIB – 004571904024751105440).

Nuno Couto/JA

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