EDITORIAL

Sal marinho tradicional, um produto bio

O sal marinho tradicional, que é já uma importante alavanca da economia algarvia, está à beira de beneficiar de um novo estatuto, que lhe vai abrir as portas de novos mercados. Referimo-nos à recente decisão da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, de o incluir na lista dos produtos biológicos da União Europeia, conforme noticiamos nesta edição.

E o Algarve, será de facto, o grande beneficiado, porque é na nossa região que se situam os grandes núcleos de produção, através das salinas tradicionais de Castro Marim, Tavira e Olhão.

Historiando um pouco o que tem sido esta atividade, é justo reconhecer, o trabalho da Tradisal, Associação de Produtores de Sal de Castro Marim, da Câmara Municipal e da Reserva do Sapal de Castro Marim e de homens como o produtor Rui Neves Dias, de Tavira no ressurgimento das salinas tradicionais, há cerca quinze anos atrás, depois de décadas de abandono.

Ao contrário do que se possa pensar, a reactivação e o crescimento desta actividade, não tem sido fácil, por circunstâncias que se prendem com a sua sazonalidade, a dificuldade de recrutamento de mão-de-obra qualificada e certas situações criadas, por vezes, por algumas entidades e agentes.

Mas, apesar de tudo, a avaliar pelos números actuais da produção de sal marinho tradicional e de flor de sal, do volume das exportações, que tem vindo a crescer de ano para ano e do emprego que gera, o saldo parece-nos francamente positivo, faltando, quiçá, uma maior sensibilização a nível local e regional que sublinhe, de uma forma constante e inequívoca, a importância do consumo deste sal, diferenciando-o, claramente da generalidade dos outros sais, que não são naturais.

Acreditamos, que o setor tem condições para crescer, desde que aposte na conquista de novos mercados muito, em particular, agora que a União Europeia, se prepara para abrir, oficialmente, as portas do mercado biológico ao sal tradicional. Um crescimento que se terá que fazer, no entanto, de forma paulatina e planificada, passo a passo, para que se consiga escoar tudo o que se produz em cada ano, o que, infelizmente, em muitos casos, ainda não se verifica.

Mas para que haja uma efetiva consolidação da economia do sal e para que este novo fator de valorização do produto, que advirá da sua nova categoria de biológico possa dar o seu efetivo contributo, a União Europeia terá que legislar, também, no sentido de obrigar toda a produção alimentar biológica a usar na confeção dos seus produtos, sal exclusivamente biológico e não como acontece, atualmente, em que a maior parte dos produtos biológicos que consumimos são fabricados com sal de extracção mecânica, que não é um produto 100 por cento natural, como sabemos.

Fernando Reis

 

 

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