EDITORIAL

Turismo a crescer e o Algarve esquecido!

Apesar de não haver unanimidade na análise – enquanto umas associações do sector destacam o grande incremento da taxa de ocupação turística, outras lembram que este aumento não pode ser dissociado de anos anteriores de grande estagnação – de facto tudo aponta para que 2015 supere, em cerca de 10% os 16 milhões de dormidas de 2014.

Seja como for, a verdade é que as receitas do turismo estão a crescer – mais por ação da insegurança que afeta os mercados nossos concorrentes do que por mérito nosso e deste facto muito beneficia economia nacional. Só em 2014, o Algarve contribuiu com mais de 4 mil milhões de euros em receita externa, o que representou 40% do total nacional, números que, em função dos dados do Banco de Portugal, no primeiro semestre deste ano, poderão ser ainda maiores.

Só que, infelizmente, apesar do enorme contributo que o Algarve, através do turismo, deu e continua a dar à economia nacional, a Região não recebe, por parte do Estado, as correspondentes contrapartidas. Antes pelo contrário. É, por regra, das regiões mais discriminadas pelo orçamento de Estado. Basta pensarmos na falta de obras estruturais, no agravamento dos problemas no sector da saúde, nos números do desemprego, na sazonalidade, na desertificação do interior e na falta de apoios à cultura, para percebermos o quão o Algarve tem sido discriminado pelo poder central, ao longo dos anos.

Estamos à beira de bater o recorde dos números da receita turística, mas continuamos com uma EN 125 a matar cada vez mais gente enquanto aguarda por uma requalificação prometida mas não cumprida, uma linha férrea arcaica, hospitais e centros de saúde incapazes de responder às necessidades da Região, portos e barras, como é o caso da do Guadiana, a aguardar há anos por uma intervenção, edifícios e monumentos que se degradam por falta de uma política cultural e de recuperação do património e um exército de desempregados cada vez maior, com muita gente a viver no limiar da pobreza ou a sobreviver graças às políticas sociais dos municípios. E até mesmo muitos trabalhadores do sector hoteleiro benefi-ciam muito pouco com o crescimento da actividade turística, como se pode perceber pelos conflitos existentes em algumas unidades e a grande sazonalidade do emprego nesta área.

Vivemos um ciclo que pode ser de ouro para o turismo algarvio, mas a Região continua a ser esquecida e marginalizada!

Fernando Reis

[email protected]

 

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