Dia da Espiga: Estão a “matar” o que nem a Igreja conseguiu destruir

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As celebrações relacionados com esta festividade, que junta tradição cristã e pagã, estão a desaparecer. Nos últimos anos, inclusivamente nas escolas, começou a dar-se mais importância a festas de origem anglo-saxónica (entre as quais o Halloween), que nada têm a ver com a nossa cultura. Loulé é uma das exceções e ainda mantém a Festa da Espiga tão forte que decidiu passar o Dia do Município para esta data

DOMINGOS VIEGAS

É uma tradição milenar, com origens anteriores ao início da era cristã, mas cada vez são menos os que celebram o Dia da Espiga. E menos ainda os que vão ao campo recolher a espiga, cujo ramo deve ser guardado, normalmente pendurado atrás da porta, para dar prosperidade à casa e à família até à recolha de um novo, no ano seguinte.

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Alguns preferem comprar o ramo já feito, que se encontra à venda nas diversas festividades locais que se realizam um pouco por todo o país. Outros, a maioria, nem sequer se preocupam com esta tradição, que chegou a ser quase uma obrigação durante séculos, principalmente nas zonas rurais.

Apesar deste dia coincidir com a Quinta-feira da Ascensão, dia do calendário litúrgico em que a Igreja Católica celebra a ascensão de Jesus ao Céu, a festividade da espiga remonta a tempos imemoriais.

Os especialistas asseguram que se trata de mais uma das festividades pagãs cristianizadas pela Igreja de Roma. Há mesmo quem associe esta celebração às festas da deusa Flora, que se realizavam por esta altura e que também são apontadas como estando relacionadas com a tradição dos “maios” e das “maias”.

“Este dia é um herdeiro direto de rituais gentios, realizados durante séculos, por todo o mundo mediterrâneo, em que grandiosos festivais, de intensos cantares e danças, celebravam a Primavera e consagravam a natureza”, explica o etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira no seu livro ‘Festividades Cíclicas em Portugal’.

Mas se o Dia da Espiga remonta a épocas anteriores à era cristã, como é que a Igreja Católica surge nas festividades e manda que este dia seja celebrado na Quinta-Feira da Ascensão, 40 dias depois da Páscoa? Há quem defenda que a Igreja de Roma, na altura em que começou a ganhar poder e proibiu qualquer ritual relacionado com as culturas pagãs, não conseguiu acabar com esta tradição. Por isso, decidiu que neste dia fosse celebrado uma festividade “santa”. Desta forma, e durante séculos, esta data foi celebrada por toda a população, fosse ou não devota daquela religião.

Ou seja, trata-se de uma festividade, muito provavelmente, com milhares de anos, que nem sequer a Igreja conseguiu eliminar nos tempos em que tinha mais poder do que os próprios Estados, mas que nos últimos anos tem sido esquecida pela maioria da população. Infelizmente, até nas escolas já se dá mais importância a algumas tradições anglo-saxónicas, como o Dia das Bruxas (ou dia do Halloween), do que a expressões que fazem parte da nossa cultura desde há séculos…

…(Reportagem completa na edição impressa e semanal do Jornal do Algarve, que está nas bancas desde esta quinta-feira)

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