CRÓNICA DE FARO: Casimiro de Brito, o percursor

Opinião de João Leal

Foi-o em toda a plena aceção do termo e nas mais diversar áreas culturais, sempre com esse denominador comum de uma profunda vivência poética, que o era de inovação, de partilha e de comunidade. Vem isto a propósito da recente homenagem que, no âmbito da edição primeira do “FLIQ” (Festival Literário de Querença) promovido pela dinâmica Fundação Manuel Viegas Guerreiro, ocorreu naquela localidade do interior do concelho de Loulé e em que um dos três dias que o evento comportou, se prestou uma pública homenagem ao poeta, jornalista, ensaísta e ficcionista Casimiro de Brito, natural daquele concelho e que nos anos finais da década de 40 do século XX veio, com os pais, que se estabeleceram ali junto ao “humilladero” do Senhor dos Aflitos, para fazer os estudos na extinta Escola Preparatória Serpa Pinto e, depois na Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira, onde tirou o Curso Geral do Comércio.

De seu nome completo Casimiro Cavaco Correia de Brito (era um dos louletanos “Cavacos Famosos” – os presidentes Aníbal Cavaco Silva, do Governo e da República; José António Guerreiro Cavaco, da Câmara Municipal de Loulé e da Associação de Futebol do Algarve; Horácio Cavaco Guerreiro, da Região de Turismo do Algarve; do empresário Manuel Guerreiro Cavaco, que me simultâneo frequentaram a segunda daquelas escolas, aquele que é referenciado e premiado como um dos nomes maiores da poesia europeia contemporânea.

Nasceu em Loulé a 14 de Janeiro de 1938 e designámo-lo de “Percursor” porque o foi de modo jornalístico, aqui no “Jornal do Algarve”, com a “Crónica de Faro”, a que viria a suceder, aquando da sua ida para Londres, por uma equipa que incluía, além deste humilde cronista, os consagrados jornalistas Encarnação Viegas e Mário Zambujal e esse nome invulgar da cultura e da medicina que foi o dr. Armando Rocheta Cassiano, como o fora em “A Voz de Loulé”, com a secção “Postal de Faro”. Percursor o foi ainda com as páginas literárias no quinzenário louletano chamado “Prisma”, onde colaboraram, entre outros, Afonso Cautela, António Ramos Rosa, Maria Rosa Colaço, etc. Mas esse sentido de “percursor” foi-o ainda com a criação, juntamente com Ramos Rosa, dos “Cadernos do Meio Dia” e dos “Jograis de Faro”, surgidos estes após a vinda a Faro dos então famosos “Jograis de São Paulo” que, incluía o conhecido artista brasileiro Armando Bógus.

Casimiro de Brito (Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, Medalha de Mérito Municipal de Loulé, Prémio Internacional de Poesia Léopold Senghor – 2002, Embaixador Mundial da Paz ONG – Zurique – 2008, Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores – 1981, Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia…) com 56 livros publicados e traduzidos em 26 idiomas, é um homem do “Times”, porque também entrou na equipa de 1957 com este mesmo espaço “Crónica de Faro, mas então com outro grafismo.

Por isso esta homenagem nos honra e honra o “Jornal do Algarve” e a referimos com toda a afetividade de “compagnons de route” desde os já distantes quase 70 anos em que, na cidade de Faro, se fixou!

João Leal

 

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