CRÓNICA DE FARO

Na lembrança de José Barão

Se, no quotidiano, nos ocorre uma afectiva persistência e uma solitária admiração, a memória dessa figura do homem generoso, bom e fraterno, que foi, o para sempre saudoso jornalista algarvio José Barão, é-o particularmente neste mês de Agosto, que essas lembranças nos ocorrem com maior acuidade.

Na efectividade foi neste mês, que deu o nome a esse livro memorável (“Agosto Azul”), saído da pena brilhante doutro devotado amigo da Terra Mãe, o Algarve, de que é um dos ícones maiores, o escritor portimonense Manuel Teixeira Gomes, que nasceu (Vila Real de Santo António, 17 de Agosto de 1904) e morreu (Lisboa, 30 de Agosto de 1966), aquele que, por amor, sempre exemplar e devotado à região onde ao mundo viera, fundaria a 30 de Março de 1957, o “Jornal do Algarve”, ou como ele tanto gostava de dizer, escrever o “Times”.

Para além de uma profunda amizade que nos uniu desde que nestas colunas tomámos lugar e até à sua morte, muito recebemos deste vilarrealense, de modo próprio e para além dos seus ensinamentos jornalísticos, o testemunho ímpar de uma vida honrada e vertical.

Dele o escreveram com douta oportunidade e uma fotografia plena, no livro editado pelo então Governo Civil de Faro, “Algarve, 100 anos de República, 100 personalidades” (2010), sempre presente e saudoso, também nascido no concelho de Vila Real de Santo António (Vila Nova de Cacela) Mestre Professor Doutor António Rosa Mendes, tão precocemente falecido e um dos nomes maiores do jornalismo algarvio contemporâneo, outro nascido na Cidade Pombalina, esse investigador da História Algarvia dos nossos dias, o Manuel Joaquim Neto Gomes: “Há pouco mais de século nascia o garoto irrequieto e vivo, na antiga Rua dos Centenários (cujo topónimo, hoje, tem o seu nome José Barão) no quarto ano do século XX, ou “Normalmente, fica-se na história pelo que manda fazer, José Barão ficou na história pelo que fez”.

“Não deixem morrer o Jornal do Algarve” foi o seu último e arreigado ensejo, quando do Mundo se despedia num quarto da Casa de Saúde das Amoreiras, em Lisboa, cidade onde viveu, de 1925 a 1966, sempre com o pensamento na que por um dos seus grandes jornalistas, consagrado jornalista e escritor, que foi o armacenense César dos Santos, foi chamada de “Terra Morena” e quantas vezes o visitámos na Travessa da Palmeira, em prolongados diálogos acontecidos na presença de sua saudosa esposa e companheira de toda uma vida, D. Ana Baptista Barão, em que o tema era uma e outra vez e sempre o Algarve.

O seu derradeiro testemunho tem sido exemplarmente cumprido não obstante todas as dificuldades e vicissitudes da hora presente, numa missão cuja grandeza é credora de vivo apreço.

Em Agosto, lembrar José Barão, é um peregrinar pelo álbum dos algarvios maiores do século XX!
João Leal

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