António Costa não se compromete… por enquanto. A Comissão Política do PS aprovou esta noite um documento que confere à direção do partido um mandato para que esta possa negociar com todas as forças políticas, quer à direita, quer à esquerda.
Da reunião – que terminou já perto das duas da manhã desta quarta-feira – saiu ainda a decisão de dar liberdade de voto aos militantes na primeira volta das presidenciais ( “a forma mais saudável de cada um poder apoiar o candidato da sua preferência”, justificou o líder socialista) e o adiamento da convocação do Congresso para depois da eleição do sucessor de Cavaco Silva em Belém.
O posicionamento do PS é a chave para a governabilidade do país na próxima legislatura – o próprio Presidente da República o deu a entender na mensagem que leu aos portugueses na noite de terça-feira – mas, perante a divisão que o tema encontra dentro dos socialistas, Costa entendeu relegitimar-se. E a verdade é que o conseguiu ainda que depois de uma longa discussão de quase quatro horas.
Álvaro Beleza foi de poucas palavras e não voltou a mencionar a hipótese de poder avançar com uma candidatura à liderança do partido. À entrada dissera apenas querer saber qual a estratégia de António Costa e da direção do PS para “ganhar as presidenciais”; à saída, reiterou que uma vez não tendo vencido as legislativas, o PS não pode agora ir para o Governo, seja com a direita, seja com a esquerda.
Vera Jardim, por sua vez, defendeu que o PS só deverá negociar com a coligação de direita, excluindo quaisquer entendimentos com BE ou PCP. “PS e Bloco de Esquerda não têm maioria face à coligação Portugal à Frente e, quanto a mim, uma coligação com o Partido Comunista seria coligação antinatura.”
Já João Soares, pelo contrário, afirmou que o PS deve lutar por “uma maioria absoluta de esquerda. Todos enfatizaram, porém, que o lugar de secretário-geral não está em causa neste momento.
A reunião da Comissão Política do PS iniciou-se já passava das 22h, depois de Costa ter reunido com os presidentes das federações e com a quase totalidade dos deputados eleitos no domingo.
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