Conversa com a algarvia mais viajada do mundo

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Há 10 anos que Teresa Conceição percorre o país para produzir uma das rubricas mais duradouras da televisão portuguesa: “Ir é o Melhor Remédio”

Nasceu em Vila Real de Santo António, mas foi em Tavira que viveu a infância até partir para Lisboa, aos 17 anos. Na SIC mesmo antes da sua fundação, em 1992, Teresa Conceição criou há uma década, em conjunto com o jornalista Mário Augusto (agora com Martim Cabral), a rubrica de sucesso “Ir é o Melhor Remédio”. Em entrevista exclusiva ao JA, Teresa Conceição conta algumas peripécias das suas viagens pelo mundo, como aquela em que escapou “por um triz” a um rapto no Irão ou os 22 mil quilómetros de estradas africanas que percorreu de moto para fazer um documentário. Apesar das suas viagens pelos cinco continentes, o Algarve continua a aquecer-lhe o coração, tendo recentemente lançado o livro “Ir é o Melhor Remédio – Algarve”, onde mostra que “a região tem pontos de interesse além dos óbvios no litoral”

 

Jornal do Algarve – Quem é a Teresa Conceição?
Teresa Conceição – Antes de ser jornalista, sou leitora e viajante. Gostava de ter tempo para pintar e para ser mais leitora e viajante. O mundo literário é para mim fundamental. É a minha primeira fonte de descolagem. Mas o que me consome o tempo é a profissão. Mais de metade da minha existência foi passada a trabalhar em televisão, com muito gosto, diga-se desde já. Sou jornalista da SIC desde antes da fundação, já cá estava quatro meses antes do primeiro dia de emissões a 6 de outubro de 1992. A SIC viu-me nascer como jornalista: em 2017 completo 25 anos de profissão na SIC. Mas o que é isso comparado com os 60 anos do Jornal do Algarve?

J.A. – Quais as suas recordações dos tempos de criança vividos na região?
T.C. – Nasci em Vila Real de Santo António, mas não guardo nenhuma recordação. Foi em Tavira que vivi infância e adolescência, daí que considere Tavira a minha terra. Se é a infância que nos molda, o meu tempo de meninice foi muito feliz, passado entre família e amigos de Tavira, a escola e o liceu, a praia da ilha de Tavira e os ares do campo da casa dos meus avós.

J.A. – Em que altura da vida é que deixou de residir no Algarve? Regressa à região com frequência? O que significa para si o Algarve?
T.C. – Vim para Lisboa aos 17 anos, para estudar na Universidade Nova. Já vivo em Lisboa há 30 anos e esta cidade tornou-se a minha casa. Não é a minha terra, mas é a minha casa. Ao Algarve regresso sempre que posso para visitar a família. O Algarve é a minha terra de nascimento e coração.

J.A. – Quais os seus locais preferidos no Algarve, os mais ‘badalados’ e os mais ‘recônditos’? Prefere o Algarve da serra ou da praia?
T.C. – Não aprecio locais badalados. Para viver e em tempo de férias prefiro sítios tranquilos. Gosto das aldeias, mais do que das cidades. E gosto tanto da praia como da serra. Nasci com o pé na água, mas os meus avós são da serra e é aí que estão as minhas raízes. Conhecê-las e dar-lhes valor, muito valor, é o melhor que posso fazer por mim. Quanto a zonas urbanas, Tavira será sempre o meu refúgio e a minha cidade de eleição. Mas gosto muito de passear em Silves, em Loulé, em Alvor, em Lagos. Se for para passeios na natureza, Sagres e toda a Costa Vicentina. Mas também Vila Real de Santo António e Castro Marim, Alcoutim e as aldeias serranas. E se estivermos a falar aqui até amanhã posso continuar com a lista…!

J.A. – Há 10 anos que é o rosto da rubrica do Jornal da Noite, “Ir é o Melhor Remédio”, ao lado de Martim Cabral. O que mais a impressionou ao longo desta década de viagens?
T.C. – O “IR” foi criado em 2007, com o jornalista Mário Augusto. Eu em Lisboa, ele no Porto, fazíamos o programa em despique norte-sul. Era muito engraçado. A base do nosso trabalho era fazer reportagem sobre festas, romarias, tradições e modos de vida que não tinham espaço no serviço noticioso diário. Nessa altura raramente filmávamos hotéis. Tentávamos recuperar sobretudo as receitas mais antigas e típicas de cada região. Gastronomia não trata só de sabores: é marca de identidade e de história. E de histórias. O Martim Cabral juntou-se à equipa em 2010 e acabou por alterar o conceito inicial do “IR”. Passámos a fazer o programa com base no contraste entre sugestões turísticas luxuosas e económicas. No entanto, a reportagem é sempre a base desta rubrica do Jornal da Noite, que é emitido como programa autónomo na SIC Notícias. Desde o início do meu trabalho na SIC sempre fiz reportagem por todo o país e fora dele; fazer o “IR” não mudou substancialmente o trabalho. Tive de acrescentar gravações em turismos rurais e restaurantes, do ponto de vista da criação de empresas e enquanto projetos que envolvem mudanças radicais de vida para quem os cria. Analisar o impacto que um novo projeto pode trazer para quem investe e para a terra que o recebe é muito interessante. E há muita gente a mudar de vida para se dedicar ao turismo por todo o país.

J.A. – Lançou agora o novo livro “Ir é o melhor remédio”, que “revela um Algarve desconhecido e um Algarve que já se julgava conhecer”. Porquê um livro só sobre a região?
T.C. – O Algarve é o destino de férias mais desejado do país, parece-me (risos). É para onde muitos iriam a correr dar um mergulho, se pudessem. A editora Guerra & Paz achou que fazia sentido criar um livro que mostrasse que a região tem pontos de interesse além dos óbvios no litoral. E mesmo à beira de água existem locais pouco conhecidos e distantes dos grandes centros turísticos.

J.A. – Que dicas daria a um algarvio de gema que pensa que já conhece todo o Algarve como a palma da sua mão?
T.C. – Diria para olhar melhor. Para se aventurar por caminhos diferentes. Eu nunca vi a palma da minha mão à lupa, e talvez tivesse surpresas se o fizesse (risos). Só posso falar por mim: penso que acabamos sempre por ir aos mesmo sítios. Só quando comecei a fazer reportagem e fotografia no Algarve descobri locais que não imaginava…

 

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(ENTREVISTA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 27 DE JULHO)

Nuno Couto | Jornal do Algarve

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1 COMENTÁRIO

  1. Gsto muito. Tenho orgulho na Teresa. Eu também sou Algarvio e vivo fora desde os 17 anos. Nasci em Faro onde estudei. Aos 17 anos vim para Lisboa. Aos 23 fui para Moçambique, (não como tropa), passados bastantes anos fui para Africa do Sul, quando o Mandela foi libertado e depois andei pelo Brasil, Itália. Mas adoro o Algarve, adoro Lisboa, adoro o mundo do qual me considero cidadão

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