Conflito em Gaza alastra a Paris

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Mais de quatro dezenas de manifestantes foram presos durante os violentos confrontos deste fim de semana em Paris

A invasão israelita de Gaza contagiou algumas zonas de Paris e dos subúrbios, onde se verificaram confrontos durante várias horas este fim de semana no decorrer de manifestações pró-palestinianas que tinham sido previamente proibidas pelas autoridades.

No interior da capital francesa, em dois quarteirões de Barbès, no bairro número 18, onde reside uma elevada percentagem de muçulmanos, viveram-se cenas de autêntica guerrilha urbana no passado sábado que fizeram vários feridos, entre eles 17 agentes da polícia. Mais de quatro dezenas de manifestantes foram presos durante os violentos confrontos no decorrer dos quais foram incendiados e destruídos automóveis, estabelecimentos comerciais e diverso mobiliário urbano. Toda uma grande zona central de Barbès estava devastada no dia seguinte e sob forte vigilância policial, constatou o Expresso no local.

Ainda neste domingo, a agitação e os confrontos alastraram a algumas cidades da periferia, como Sarcelles, Garges e Clichy, onde as manifestações também tinham sido proibidas. Em Sarcelles os incidentes duraram cinco horas e a cidade foi literalmente ocupada pelas forças da ordem na noite de domingo para segunda-feira. Pelo menos duas sinagogas, uma nesta localidade e outra em Garges, igualmente localizada a norte de Paris, foram atacadas com cocktails-molotov. No decorrer dos incidentes, muito violentos e que envolveram por vezes grupos de jovens judeus e de muçulmanos foram destruídas e incendiadas farmácias, mercearias e lojas judias, bem como residências e prédios habitados por judeus.

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“Morte aos judeus”

Desde há nove dias, quando uma manifestação pró-palestiniana degenerou em graves confrontos na zona da Bastilha, no centro de Paris, que o Governo socialista francês proibiu, na capital, a organização de desfiles e concentrações de solidariedade com Gaza.

As manifestações têm sido apoiadas por organizações da esquerda comunista e radical. Associações de direitos do Homem, partidos de esquerda e mesmo alguns socialistas criticaram a decisão do Governo de impedir as manifestações dizendo que, quando elas são permitidas em cidades da província, têm decorrido sem incidentes graves.

Mas o Presidente, François Hollande, bem como o primeiro-ministro, Manuel Valls, consideram que elas favorecem o desenvolvimento do antissemitismo em França. Num discurso, este domingo, Valls denunciou o racismo anti-judeu, dizendo que ele se esconde atrás do antissionismo. “Voltam a ouvir-se nas ruas de Paris, como há mais de setenta anos, gritos como ‘morte aos judeus’, não podemos tolerar isso”, explicou pelo seu lado o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, justificando deste modo a proibição das manifestações.

Este governante referia-se aos incidentes na zona da Bastilha quando duas sinagogas estiveram cercadas por manifestantes que as pretendiam invadir. Nessa altura, designadamente em frente a uma sinagoga da conhecida rua de la Roquette, judeus foram atacados, injuriados e por vezes mesmo chamados de “porcos judeus”.

No entanto, nas manifestações deste fim de semana ouviram-se sobretudo palavras de ordem como “Palestina livre”, “Intifada parisiense”, “Israel assassino” e “Gaza genocídio”. Alguns dos jovens mais radicais tentaram atacar postos da polícia e, neste sábado, em Barbès, em Paris, foram incendiados e destruídos locais comerciais, todos propriedade de judeus, aos gritos de “morte a Israel”.

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