O parecer da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) facilita a decisão sobre os votos da Telefónica na Assembleia Geral (AG) da PT de quarta feira, consideram hoje analistas, admitindo que aumentou a possibilidade da oferta ser rejeitada.
“À partida, a probabilidade da oferta ser aceite diminui”, disse à Lusa, Teresa Martinho, do Banif, adiantando que a decisão da CMVM diminui as hipóteses da empresa espanhola poder votar.
O regulador do mercado divulgou, na segunda feira, um parecer em que considera que as ações da PT vendidas pela Telefónica continuam a ser imputadas à operadora espanhola.
“O presidente da mesa é que vai determinar os direitos de voto, mas a decisão da CMVM diminui as hipóteses da Telefónica poder votar”, justificou a analista do Banif
Guido dos Santos, da Caixa BI concordou: “o parecer da CMVM acabou por facilitar a decisão do presidente da mesa da AG sobre se irá permitir exercer o direito de voto destas ações”.
Para este analista, colocam-se agora duas hipóteses: “ou continua tudo como está e vamos amanhã discutir na AG a proposta dos 6,5 mil milhões de euros ou a Telefónica apresenta ainda hoje uma nova proposta. Se a proposta for feita muito em cima da hora, já de madrugada, julgo que o presidente pode decidir adiar a AG por achar que não existem condições para decidir sobre uma proposta para a qual não houve tempo de reflexão”.
“A recomendação que temos é de não aceitar a oferta a este preço”, salientou Teresa Martinho, acrescentando que a administração da PT pode procurar outras soluções para criar mais valor para o acionista, tentando que a oferta suba, mesmo depois da AG, ou desenvolver com a Telefónica operações de consolidação no Brasil que envolvam a Telesp e a Vivo.
“É improvável que a Telefónica lance uma OPA sobre a PT porque o interesse não é a Europa, é o Brasil”, comentou a mesma analista, adiantando que o tempo corre a favor da operadora portuguesa.
“A Telefónica é que tem pressa em consolidar a sua posição no Brasil”, declarou.
Os títulos da Telefónica e a da PT seguiam em queda, num contexto de fortes penalizações por toda a Europa, com os investidores a recearem o abrandamento do crescimento económico na China.