Cientistas do CERN anunciam descoberta da ‘partícula de Deus’

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O CERN, organização a que Portugal pertence, anunciou hoje de manhã que descobriu uma nova partícula subatómica que pode ser o bosão de Higgs, também conhecido por “partícula de Deus”, porque explica a existência do Universo.

Cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), organização a que Portugal pertence, anunciaram hoje de manhã numa conferência em Genebra (Suíça), que descobriram uma nova partícula subatómica que pode ser o bosão de Higgs, também conhecido por “partícula de Deus”.

O Higgs é fundamental para explicar a razão por que todas as outras partículas que constituem a matéria têm massa, isto é, porque existe o Universo onde vivemos. No fundo, é a peça que faltava no puzzle do chamado Modelo-Padrão, uma colecção de teorias que integra todos os conhecimentos atuais sobre o comportamento das partículas fundamentais da matéria.

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A descoberta da nova partícula subatómica surge na sequência das experiências feitas pelo maior acelerador de partículas do mundo, o LHC, localizado em Genebra, e neste momento decorre na sede do CERN uma conferência para a divulgação dos resultados das experiências feitas pelos detetores mais importantes do LHC: o CMS e o Atlas.

Esta descoberta é também o triunfo da ciência europeia a nível mundial, já que o maior acelerador de partículas dos EUA, o Tevatron (mais pequeno que o LHC), deixou de funcionar a 30 de setembro de 2011 devido a cortes orçamentais.

Ambiente de euforia no CERN

“Temos o Higgs, concordam?”, perguntou Rolf-Dieter Heuer, diretor-geral do CERN, dirigindo-se a uma plateia entusiasmada e festiva de centenas de cientistas da organização, que respondeu imediatamente que sim com aplausos prolongados e gritos de alegria.

“Foi um esforço global e um sucesso global, e esta descoberta só foi possível devido ao extraordinário desempenho do LHC”, prossegui Heuer. “Este é um acontecimento histórico, estamos todos muito orgulhosos e quero aqui dar os parabéns a todos os que durante 25 anos trabalharam neste projeto”, afirmou o diretor-geral, apontando para os cientistas da primeira fila do auditório, que se levantaram e agradeceram os aplausos do resto da assistência.

“Não esperava que a descoberta acontecesse ainda durante a minha vida” confessou Peter Higgs, o cientista britânico que deu o nome à nova partícula porque foi o primeiro a prever a sua existência em 1964, no final da conferência no CERN. Higgs salientou que “houve uma colaboração colossal de cientistas e centros de investigação de todo o mundo para chegarmos a este resultado” e contou como começou a sua investigação sobre a partícula subatómica mais procurada pela ciência.
Fabiola Gianotti porta-voz da experiência ATLAS e Joe Incandela, porta-voz da experiência CMS

Investigadores cautelosos

“Observámos nos nossos dados sinais claros da nova partícula, mas precisamos de mais algum tempo para preparar estes resultados de modo a poderem ser publicados”, confirmou Fabiola Gianotti, porta-voz da experiência ATLAS. “As implicações desta descoberta são muito significativas e é precisamente por esta razão que devemos ser extremamente diligentes em todos os nossos estudos e verificações”, salientou por sua vez Joe Incandela, porta-voz da experiência CMS.

“Estamos apenas no princípio”, advertiu também Rolf-Dieter Heuer. Com efeito, os resultados hoje apresentados são preliminares e baseiam-se em dados recolhidos em 2011 e 2012, com os dados de 2012 em análise. A sua publicação está prevista para o final de julho e uma informação mais completa sobre as observações dos cientistas hoje divulgadas só surgirá no final deste ano, depois de o LHC fazer mais experiências (mais colisões de partículas) com mais dados.

O passo seguinte será determinar a natureza precisa da nova partícula e o seu significado para entendermos o Universo. Com efeito, hoje a ciência só só conhece quatro por cento da matéria que constitui o Universo. Os outros 96 por cento continuam a ser um mistério, embora os cientistas investiguem várias hipóteses, como a existência das chamadas matéria escura e energia escura.

Virgílio Azevedo (Rede Expresso)
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