Algarvios estão a viver mais tempo

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Em cinco anos, o número de cidadãos algarvios centenários mais do que duplicou: em 2011, eram 97; no final de 2016, já eram 227, segundo o INE. Na foto está Adélia da Conceição, que fez 104 anos no passado mês de fevereiro. Ela é a utente mais velha do Centro de Apoio a Idosos de Portimão, onde vive há 16 anos

Em 2016, viviam no Algarve 227 pessoas com cem ou mais anos de idade. A população residente com um século de vida ou mais conta com 124 mulheres e 103 homens. Este número representa mais do dobro do que o registado em 2011 e 2012, que foi de 97 e 107 centenários, respetivamente.

Maria Brázio Matias, que irá completar 101 anos no próximo dia 4 de setembro de 2017, é um dos 227 centenários que vivem no Algarve, de acordo com o último censo.

Esta utente do lar do Centro de Apoio a Idosos de Portimão (onde existem mais três centenários entre os 135 utentes) atribui a sua longevidade aos “muitos contratempos e amarguras” que teve na sua vida. “Tive uma vida cheia de histórias engraçadas que não têm graça nenhuma. E foram muitos os amigos que partiram ao longo dos últimos anos. Talvez isso tenha feito de mim uma mulher mais rija”, conta ao JA, revelando que nunca esteve doente numa cama. Mas Maria Brázio Matias tem outras explicações para a sua idade: “nunca fumei, bebo um cálice de vinho do Porto de vez em quando e como de tudo, não sou esquisita.”

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A centenária nasceu em 1916, em Alvor, quando a Primeira Guerra estava no auge e a vida era completamente diferente do que é atualmente. “Naquela altura não havia eletricidade nem sequer estradas, os caminhos eram de terra ou lama”, recorda Maria Brázio Matias, que viveu os 48 anos de ditadura e os últimos 43 de democracia.

A maior alegria desta antiga regente escolar, que nunca teve filhos, é agora a visita dos amigos (muitos dos quais seus antigos alunos) e sobrinhos, que vivem fora do Algarve, mas fazem questão de a visitar com regularidade.

Na memória guarda recordações desagradáveis de uma vida muito dura. “As pessoas começavam a trabalhar quando ainda eram crianças e aos 16 anos já eram consideradas quase adultas. Hoje em dia é tudo diferente, existem mais mordomias e as pessoas têm a vida mais facilitada”, comenta, referindo ao JA que o que mais a irrita no mundo atual é “a caligrafia dos jovens”. Já a maior riqueza desta vida é “a compreensão e a capacidade para conhecer e respeitar os outros”.

“Não sou assim tão velhinha”

O JA encontrou ainda no Centro de Apoio a Idosos de Portimão a dona Adélia da Conceição, que fez 104 anos no passado dia 3 de fevereiro. Ela é a utente mais velha do centro, onde vive há já 16 anos, mas recusa a ideia de ser centenária. Perguntámos-lhe também quais os segredos da longevidade, mas a sua memória vai e vem. Solta uma gargalhada: “quem é que tem mais de 100 anos, eu? Impossível, não sou assim tão velhinha.” Insistimos: o que é preciso para chegar à sua idade? “Rezar o terço todas as manhãs”, diz, a querer ajudar.

Adélia da Conceição também não passa sem as suas bolachas tipo “Maria”, que guarda como se fosse um tesouro dentro da mala. De resto, salienta que sempre comeu “aquilo que me davam”, muito à base dos “legumes da horta”. Talvez por isso, hoje em dia, conserva todos os dentes!

A centenária adianta ainda ao JA que não toma nenhuma medicação (o que é confirmado pela sua cuidadora) e que nunca fumou. “Isso é para os homens”, afirma.
E do que se lembra dos seus tempos de menina? “Ai, estou muito esquecida”, repete vezes sem conta…

(NOTÍCIA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 3 DE AGOSTO)

Nuno Couto | Jornal do Algarve

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