Opinião de Luigi Rolla
Reitero a minha opinião: Não aceito a submissão do Ocidente ao islamismo radical e tenho dificuldade em entender o servilismo da maioria dos responsáveis de governos ocidentais para com alguns dos seus congéneres do Oriente próximo…
O presidente iraniano Hassan Rouhani esteve há poucos dias em visita oficial a Itália. Presidiu ao Business Forum Iran-Italia, manteve conversações com o primeiro-ministro Renzi, com o presidente da República Matarella e também foi recebido pelo Papa Francisco. A visita revestiu-se de capital importância para o relança-mento do intercâmbio comercial entre as duas nações e Rouhani fez-se acompanhar por uma nutrida delegação composta por vários ministros e expoentes do sistema económico do Irão. Numa agenda cheia de temas importantes, destacaram-se os económicos nações – assinados acordos a rondar os 20 mil milhões de euro -, o recente acordo nuclear, a luta ao terrorismo e a crise síria.
Como previsto no programa, o primeiro-ministro italiano ofereceu ao seu homólogo um jantar na Terrazza Cafarelli junto ao museu do Capitólio. O acesso a este exclusivo espaço romano é feito pela escadaria que também leva ao Museu Capitolino. Durante uma inspecção prévia ao local, os serviços de protocolo do presidente iraniano reputaram o acesso “inapropriado”, devido às inúmeras estátuas de nus expostas no percurso. Assim sendo, num excesso de zelo por parte dos anfitriões italianos – os iranianos dizem não ter feito nenhum pedido nesse sentido -, todas as estátuas capitolinas nuas, foram tapadas com biombos brancos a fim de “poupar” aos ilustres hóspedes a visão “pecaminosa” destas obras de arte esculpidas, “tal como a mãe as pariu”. Atrás dos biombos brancos – estes sim obscenos segundo a minha óptica – foram escondidos, a Vénus Esquilina, o Dionisio degli Horti Lamiani e alguns outros grupos escultórios monumentais, porque nus. Um agravo à beleza dos Museus Capitolinos, e sobretudo uma bofetada à cultura italiana, e mais em geral àquela ocidental.
Nas refeições não foram servidas bebidas alcoólicas e foi dispensado o cumprimento com aperto de mão, para evitar que, de acordo com o “preceito religioso”, se cumprimentassem só os homens (estando as mulheres banidas deste contacto físico).
A imprensa italiana (a maioria) descreveu o presidente Hassan Rouhani de reformador e moderado e provavelmente é assim, se comparado com o “guia supremo”, o Aya-tollah Ali Khamenei. No entanto desde que ele subiu ao poder em Junho de 2013, o Irão atingiu o record de 2.277 condenações por enforcamento (o Irão é o segundo país com mais execuções no mundo, somente precedido pela China). O delito mais punido foi o de tráfego de droga (632), por estupro (56), delitos de natureza “política” (16) e 22 com a genérica motivação de “guerra contra Deus”. A maioria das execuções é pública, com o peculiar enforcamento do condenado pendurado de uma grua, e foi reintegrada a lapidação para o delito de adultério. E Rouhani não é novo em manifestações de antissemitismo, nas ameaças de destruir Israel e na negação da Shoah.
Um grupo de individualidades capitaneado por Emma Bonino tentou fazer chegar a tão ilustre hóspede uma petição para a libertação de 19 jornalistas presos nas masmorras do regime dos Ayatollahs, e o director geral da Amnesty International Italia, transmitiu ao 1º ministro Renzi uma série de preocupações pela situação dos direitos humanos no Irão. Mas todas estas legítimas reivindicações são relegadas para segundo plano sempre que se trate de receber um hóspede com “petrodólares”.
O David exposto em Florença é uma das esculturas mais famosas do artista renascentista Michelangelo. O trabalho retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante, sendo considerada uma das mais importantes obras do Renascimento.
Não me estranha que um destes dias, um cirurgião, a mando “dos princípios de boa vizinhança”, se desloque a Florença munido de escopo e martelo e com um certeiro golpe cirúrgico… “zazzz”!… corte cerce a “pilinha” do David de Michelangelo, por respeito às “outras religiões”.
Estou certo que, se um dia Michelangelo regressar a este Mundo de cobardes, e decidir esculpir uma réplica moderna do seu David, fá-lo-á sem atributos, porque assim somos hoje os ocidentais, privados daquelas características anatómicas que antigamente definiam os HOMENS…
Que pena a Itália não ter um Museu dedicado a Rafael Bordalo Pinheiro, onde levar estes hóspedes radicais, afim do Manguito lhes dar a resposta que eles (alguns deles) merecem!…
Entretanto, no seguimento da visita a Itália, o Presidente Rouhani visitou París (em 28/I) e o programa com o Presidente François Hollande foi criteriosamente escolhido. O protocolo do Eliseu propusera um jantar de trabalho e a delegação iraniana aceitara o convite desde que o menu fosse halal, isto é: não podiam ser servidas bebidas alcoólicas, não só ao Presidente iraniano e á sua delegação, mas a todos os comensais presentes. O Presidente Hollande, não querendo ceder á imposição, substituiu o jantar por um petit-déjeuner de travaille.
Valha-nos isso: «Heureusement, quelqu’un avec les attributs masculins!…»
«Perante a estupidez até os deuses lutam em vão» (Friedrich von Schiller)
P.S.: – […] – «Podíamos arranjar uma candidata mais engraçadinha…»
Senhor Secretário-geral, que frase tão machista e infeliz a sua. Podemos perder com honra, desde que o façamos com dignidade…
Luigi Rolla
