Recordo-me, era eu moço… gostava de ver os motoristas, quando, durante o defeso, faziam a manutenção dos equipamentos e substituíam o isolamento dos tubos de escape dos motores nas traineiras e nas enviadas. Era realizado com cordão de amianto, que ajustavam pacientemente de forma a reduzir a temperatura e tornar mais suportável o ambiente dentro das exíguas “casas de máquina”. Naquele tempo ainda não se conhecia o perigo que o amianto representava para a saúde, e esta paciente e morosa operação era realizada sem qualquer tipo de proteção e num ambiente sem aeração.
Pergunto-me, perante aquilo que se sabe hoje… Quantos destes homens não terão morrido devido a doenças respiratórias contraídas pelo manuseamento e contacto continuado com aquele produto killer?
Este ano, como de há alguns anos a esta parte, celebrou-se no dia 28 de Abril o Dia Mundial das Vítimas do Amianto.
Em Itália cerca de 4.000 pessoas morrem de doenças cancerígenas das vias respiratórias, imputáveis à inalação do pó de amianto e segundo dados oficiais existem ainda 32 milhões de toneladas de amianto por retirar.
Na marinha militar italiana registaram-se 405 casos de contaminação por amianto, dos quais 211 vitimas mortais, entre os anos 1996 e 2015.
O DN de 25.VII.2007 […] « O amianto pode ser responsável por meio milhão de mortes dentro de 15 anos na Europa e de um milhão de mortes, no espaço de 30 anos.»
O Expresso de 8.VI.2016 […] «Existem 2000 edifícios públicos ainda com amianto” e sem alocação de fundos para a sua retirada, indicou o ministro do Ambiente, anunciando que as obras vão poder ser realizadas através do programa para a eficiência energética, que tem uma verba de 200 milhões de euros.»
«O Governo anunciou esta quarta-feira que vai dar prioridade à retirada do amianto dos edifícios públicos que apresentem projetos com garantia de aumento da eficiência energética.»
«João Matos Fernandes falava após a reunião extraordinária do Conselho de Ministros dedicada ao ambiente e que decorreu no convento da Arrábida, no concelho de Setúbal.
Segundo o governante, “a priorização dos investimentos está por fazer e cabe a cada ministério promover as obras para a eficiência”.»
«As obras do amianto podem ser realizadas através do programa para a eficiência energética dos edifícios da Administração Pública, área que tem uma verba de 200 milhões de euros.»
Há alguns meses atrás, em boa hora, a actual Câmara Municipal de VRSA substituiu o teto de fibrocimento (onde o amianto e o cimento são os principais componentes) do edifício do Centro Cultural António Aleixo situado no centro da Cidade.
Ao/à futuro/a Presidente da Câmara Municipal da nossa Cidade peço um favor (este é o primeiro e não será certamente o último…): «Mande averiguar se o teto do pavilhão desportivo João Ilídio Setúbal (a poucos metros do Centro de Saúde) não será, também ele, em fibrocimento. E se a resposta for afirmativa, como temo, então, antes de iniciar a construção de uma unidade hoteleira junto ao complexo desportivo, mande substituir a referida cobertura, para bem de todos quantos “coabitam” com tão terrível produto e para uma melhor imagem de todos quantos frequentam o CAR (Centro de Alto Rendimento) podendo ser uma péssima publicidade para o mesmo, junto de países onde o problema da “contaminação por amianto” é um assunto preocupante e levado muito a sério pela opinião pública e autoridades responsáveis.
P.S.: – Quando escrevi a crónica “É-me indiferente se o gato é branco ou preto…” publicada no JA de 23.VI.2016, esqueci-me da hipótese que permite um Presidente de Câmara tripetente candidatar-se como vereador a essa mesma Câmara.
Francisco H. Neves/In Verbis/17.IV.2013 […] «…a bondade da lei 46/2005 de 29 de Agosto até admite que o presidente cessante faça a «ponte» do quadriénio como vereador, eleito lá no meio da lista e, nessa qualidade, continue com os principais pelouros do município e a representar a Câmara, em “substituição do presidente”. Só não podendo, no limite, “assumir aquelas funções” de presidente, em caso de incapacidade ou renúncia do presidente eleito.»
Juan Perón (caudillo argentino) disse uma vez: «A política não é para nós um fim, mas apenas um meio para o bem do país, que é a felicidade de seus filhos e grandeza nacional.» Quero acreditar que “por cá” o princípio peronista seja o mesmo…
Luigi Rolla