CANELA mais FINA

Carta aberta a Henrique Raposo

“raposo”, perdoe-me se escrevo o seu nome em minúsculas, mas esta crise que nos avassala obriga-me a fazer drásticos cortes económicos e resolvi começar por si.

Não o conheço e nem sinto prazer em conhecê-lo. Nunca havia lido nada escrito por si e desta vez fi-lo ao tomar conhecimento do descontentamento de inúmeros Algarvios ofendidos pelo teor da sua “coluna” publicada no Expresso intitulada “Os Algarvios”. Os descontentes deveriam ter aplicado à sua “coluna” o velho provérbio «vozes de burro não chegam ao céu», porque ele aplica-se aqui perfeitamente. Vossemecê escreveu uma metáfora e perante esta, qualquer artigo de opinião deixa de ser tomado a sério, para ser tomado tal qual como é: uma “metáfora asinina”.

Assim sendo, se me permite, também lhe escrevo metaforicamente…

Comecei por informar-me sobre si, mas a net, tão cheia de informações úteis como de futilidades, pouco refere a seu respeito. A sua minúscula biografia na WOOK diz somente que «tem 30 anos (já tem idade para saber o que escreve) e que licenciou-se em História e “amestrou-se” (fui ao dicionário ver o significado de “amestrar” e lá diz: «Treinar animais para que eles cumpram determinadas tarefas) em Ciência Política. É, por isso, a pessoa indicada para trabalhar em Relações Internacionais: é investigador no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova. Foi colaborador e editor da revista Atlântico. Também colaborou no Público, Diário de Notícias e Independente. É cronista do Expresso desde 2008.»

Diz vossemecê que lhe é difícil encontrar um algarvio simpático?… Anda com muita sorte, porque não me conheceu a mim… Mas também lhe digo: olhando para a sua cara “estampada” na fotografia que acompanha o seu “expresso”, parece vossemecê, metaforicamente falando, mais pateta do que simpático…

Mas, se nós os Algarvios temos tantos defeitos como vossemecê diz e sendo o Algarve um conglomerado indissolúvel de Algarvios, que merda vem o “raposo” fazer a estas paragens todos os anos e ao que parece há vinte anos?… O que será que o trás cá há tanto? Porque não vai para outra banda ou fica em casa, homem? Gosta de sofrer?… É masoquista… Vossemecê – se calhar – gosta de ser flagelado?… Se assim é, mesmo onde vossemecê vive ou onde nasceu (não consegui descobrir onde a Senhora sua Mamã o pariu), encontra certamente quem, de borla ou a troco de uns cobres, esteja disposto(a) a flagelá-lo e sai-lhe muito mais barato do que vir para o Algarve. Se optar por esta minha sugestão, convém vestir-se de negro, com tacões altos e comprar umas algemas – dá sempre muito jeito… preso à cabeceira da cama.

Diz vossemecê que no Algarve “não há gordos…”. Vos-semecê busca “gordos”? Então não precisa descer tanto homem. Fique-se pela planície alentejana, descanse à sombra de um chaparro e verá que eles aparecem, mas não se esqueça de vacinar-se contra a peste suína… os melhores são “os pretos”.

Oh “raposo”, agora fora de brincadeiras, volte para o ano, enfrente os Algarvios; conviva, beba um copo, saboreie uma garfada de “estupeta” ou um “carapau alimado” e se não mudar de ideia, fica pelo menos a saber que os Algarvios talvez sejamos antipáticos como vossemecê diz, mas não somos violentos, porque senão Vossemecê, com o que disse de nós, da próxima vez regressava a casa, atravessando a Serra do Caldeirão ao toque de chutos no fofe…

Depois de ter escrevinhado estas linhas, puxei da minha “cansada” memória e lembrei-me da Maria Armanda Pires Falcão mais conhecida pelo pseudónimo de Vera Lagoa, que foi poetisa, jornalista, cronista e locutora. Não pensem que a referência a esta Senhora significa que eu pretenda fazer qualquer tipo de paralelismo com o “raposo”, porque não teria cabimento… Ela era inteligente, mas implacável. Ela amava os Algarvios mas criticava-os impiedosamente, quando eles mereciam ser criticados e então “cascava forte e feio”. Ela passava por cá grandes temporadas, quando mantinha no Diário Popular uma crónica intitulada “Bisbilhotices”. Da sua pena saíam “bisbilhotices”, que tanto podiam arrasar como elevar aos píncaros da lua, mas era JUSTA. Ela, tanto cascava no Algarvio desconhecido, como no Algarvio ilustre…. recordo-me de ela estar em Monte Gordo, era o Matias Sanches (Senhor) Presidente da Câmara Municipal de VRSA (de 1957 a 1963) e nesse tempo, onde hoje há um jardim, havia entre o hotel e o casino um espaço de terra batida que as nortadas de verão transformavam em nuvens de poeira, a que a Vera Lagoa chamava depreciativamente, mas acertadamente, “a pradaria”. No entanto, referindo-se ao Presidente da Câmara (Matias Sanches) daquele tempo e responsável pelo urbanismo vila-realense, dizia na sua crónica que ele “era uma brasa…”.

Ela conseguiu encontrar no Algarve e nos Algarvios, lados bons e lados maus (como acontece em todo o Mundo), porque assim se comporta um jornalista com “jota” maiúsculo…

“raposo”, tenha sempre em mente que «quem não se sente não é filho de boa gente»…

Luigi Rolla

 

Deixe um comentário

Exclusivos

Veículos TVDE proibidos de circular na baixa de Albufeira

Paolo Funassi, coordenador da concelhia do partido ADN - Alternativa Democrática Nacional, de Albufeira,...

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de abril

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Professor Horta Correia é referência internacional em Urbanismo e História de Arte

Pedro Pires, técnico superior na Câmara Municipal de Castro Marim e membro do Centro...

O legado do jornal regional que vai além fronteiras

No sábado passado, dia 30 de março, o JORNAL do ALGARVE comemorou o seu...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.