AVARIAS: Os burros e os elefantes na política americana

Nas minhas pesquisas caseiras vou andando por aqui e ali, como quem não quer a coisa. Não faço ofício de orientar as minhas perguntas para os fundamentos gerais da nossa existência. Se assim o fosse, passava o tempo a inquirir sobre o sentido da vida e as razões que levaram o Homem a inventar a pasta dentífrica às riscas (trata-se de uma ideia surripiada, não tente fazer isto em casa). Em consequência, limito-me a fazer o que todos fazem: ler as gordas do Correio da Manhã no café onde, de manhã, bebo a bica. O que dá nesta altura é Trump que ainda não começou a governar, já arranjou maneira de se incompatibilizar com uma série de gente. Fá-lo de propósito, para mostrar que existe. Parece-me um boneco que Herman, nos seus melhores momentos, fazia, se bem me lembro, a propósito da figura do major Valentim Loureiro e que se fartava de dizer “venham todos!! venham todos!!”, acompanhando sempre com um posse agressivamente postiça. Através do tuiter vai dizendo o que quer, sendo essa a forma de demostrar como vai mandar na América. Chefia o país que continua a ser o mais poderoso do Mundo, sabe-o, e usa muito poucas palavras para o dizer. Pensa que ter opiniões complexas lhe diminui a importância. Não marcar claramente a sua posição, sobre o que quer que seja, será vista como dar o flanco e Trump não o dá, por enquanto. O presidente cor de frutos do mar pode não saber o que quer, alinhavar, no máximo quatro ou cinco ideias, mas conhece profundamente (seja lá o que isso for) a forma como há-de passar as mensagens; quanto mais pequenas melhor, de fricção ou corte com qualquer coisa que mexa (chineses, mexicanos, russos). A ideia (se é que existe alguma) será a de fechar os americanos no seu casulo, contra os inimigos exteriores, para que se recupere a ideia dos Estados Unidos dos anos de glória do capitalismo, como muitos já perceberam antes de mim. Parece que o universo das redes sociais com as suas opiniões de sim ou sopas, feitas de grandes doses de indignação está feita para este tipo de líderes. Não sei se a isto chamarão populismo, mas existindo ele, tudo indica que sim. O peso dos políticos é hoje inversamente proporcional à importância que pensam ter, por isso escudam-se cada vez mais em medidas avulsas, que só servem para aplacar iras e receios (ou potenciá-los). No resto gerem clientelas como quem gere audiências, tentando passar entre os pingos da chuva. No caso do político americano em causa, parece que alguns importantes do regime já começaram no trabalho de sapa de o trazer à realidade. A uma certa realidade, feita de gente conservadora no que o conservadorismo tem de pior. No fim não vai sair dali um verdadeiro elefante republicano. Talvez um burro, que é afinal, o símbolo dos democratas.

Fernando Proença

 

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