AVARIAS: Ó nosse Algarvi, do céu azuli

A ideia, a minha ideia, seria passar uma vista de olhos (um olhar, como se diz agora), sobre o que mais tem marcado o mês de Agosto do ponto de vista do telespectador: os fogos florestais, infelizmente tudo como dantes, quartel-general em Abrantes. Esta tragédia que ano após ano vai destruindo hectares e hectares de floresta. Esta minha última frase, foi mais ou menos copiada de dezenas e dezenas de artigos e peças de reportagem; falta só falar sobre o “teatro de operações, meios aéreos e operacionais”, mas aí sim já me estava a copiar a mim próprio, porque escrevi quaisquer coisas assim, há, salvo erro, duas semanas.
O Algarve está excelente/péssimo, segundo os interesses e pontos de vista de cada um. Eu não suporto tanta gente, nem percebo, por exemplo, o que faz uma turba, num Domingo à tarde de praia, a esparramar-se num conhecido centro comercial da região, que possui as mesmíssimas lojas dos centros comerciais da região em que vegetam e que fica situada entre as fronteiras de Setúbal a sul, Santarém a noroeste e Torres Vedras a norte. Quanto à restauração, como é conhecida no meio, parece ir de vento em popa, mesmo que falem constantemente sobre uma crise que nunca há-de passar; os impostos são terríveis e o Estado é cego e incontrolável na avidez por mais e mais receitas. Mas quando é que os nossos restaurantes não estão em crise?, dia de são nunca, mas da parte da manhã.
Num destes dias preciso, o mesmo Estado que leva couro e cabelo aos restaurantes e similares, acabou por pespegar um humilde e aparentemente inócuo sinal de trânsito na chamada via do Infante. São capazes de já o ter visto, no sentido Tavira – Vila Real de Sto. António e avisa sobre o mau estado do piso, a partir dali. A parti dali são à volta de quinze quilómetros, mais coisa menos coisa de um piso horrível, cheio de estrias que em muitos lugares se vão transformando numas belas rachas e noutros já avançaram para uns maravilhosos buracos. No sentido contrário, só por acaso não reparei que existisse o tal sinal, mas a falta de manutenção da estrada é praticamente a mesma. Numa das vias mais caras de Portugal, o Estado, essa pessoa de mal, o que faz é avisar do mau estado do piso (para se livrar de ter que dar alguma indemnização), mas o preço que cobra continua o mesmo. Ou seja, estrada má e nem uma cartinha nem um telefonema, a fim de repor alguma justiça, perante o cidadão que paga e, aparentemente, não bufa. Por acaso, mas só mesmo por acaso, não vi onde possa parar a tal comissão que se bateu pelo fim das portagens na Via do Infante. A demonstração de que as pes-soas são indiferentes para esses profissionais da contestação é que a existência de um piso daqueles seria o ponto de partida para pedir, pelo menos um substancial desconto entre os pontos referidos. Afinal quando pagamos, contratamos um certo tipo de serviço que não está, neste momento a ser integralmente cumprido. Mas todos sabemos que para os políticos o bom é inimigo do excepcional e, no fim de contas, pedir um desconto seria aceitar o pagamento da estrada. Pagar, mas nunca vergar a mola.

Fernando Proença

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