AVARIAS: O melhor do mundo são os amigos

Renovo sempre uma jura, a de não ouvir políticos na TV, mas às vezes desfaço-a. Os políticos, no meio dos lugares comuns que debitam, oferecem pérolas, mas estas são identificáveis apenas com o recurso à utilização do método da candeia acesa. Geralmente algum comentário interessante ou informação que não conhecíamos, sabemo-la primeiro de outras fontes. Desta vez, por razões que a razão desconhece, tão prosaicas como não conseguir sair do lugar onde estava, e por via disso não chegar ao comando do aparelho de televisão, vi, por inteiro, a entrevista de José Sócrates. No final fiquei impressionado com a classe dos seus amigos (pedem meças aos de Cavaco Silva), ao mesmo tempo que fui sabendo melhor para onde terá andado alguma daquela massa, com muitas dúvidas que o Ministério Público consiga provar que um ex-primeiro-ministro não possa pedir meças a Bill Gates, no que respeita ao arrendamento de apartamentos em Paris. O entrevistador fez o seu papel, mas apercebi-me que, como será normal ter acontecido, não leu as quatro mil páginas do processo. Sócrates sabia disso, armou-se em vítima e em parte levou a sua avante, com a característica cara de enfado nº 1, sempre que a perguntas não lhe interessavam. A única questão que valeu a pena, foi quando lhe foi perguntado como vivia agora, ou do que é que vivia agora, para ser mais preciso. Nessa precisa altura, fez o seu papel de injustiçado/despeitado, arrancando a expressão que, na altura em que era primeiro aterrava os jornalistas, tentando sair por cima, salvo seja. Quase tudo muda, o Outono já não é como era, mas como lhes digo, fiquei impressionado com a forma e as maneiras do entrevistado, tendo, pelo menos, concluído que o tempo, o cozido à portuguesa e a prisão não diminuíram em nada os seus modos arrogantes. Não sei a extensão das suas culpas, mas como se costuma dizer, não era Sócrates que me venderia um automóvel em segunda mão.
Um tipo a quem comprava um automóvel em segunda mão seria, com toda a certeza, o professor Daniel Bessa, com aquele aspecto de velho lobo-do-mar, pai natal, ou as duas coisas juntas. Tenho a ideia, não muito assente, na verdade, que foi em tempos idos, ou elemento de um governo PS ou independente num governo PS. Se o foi, devem de andar danados para dizerem que nunca o viram mais gordo. Todos não, que o Francisco Assis adoraria fazer suas, todas as palavras dele, principalmente sobre o facto de os portugueses serem em geral uns preguiçosos. Pois o formidável professor, manifestou a opinião sobre o que se passou na greve da Autoeuropa, dizendo que via com bons olhos que se trabalhasse ao sábado, afinal os alunos dele, também o fazem, na faculdade. Não me parece que o problema em causa, seja trabalharem ao sábado, mas fazerem-no seis dias por semana. Bessa parece-me daqueles portugueses que não lhes bastando serem escravos de si próprios induzem os outros (trabalhadores ou alunos) a fazerem-no, alegremente. Não sei o que Passos Coelho andava a fazer, quando não o convidou para o seu governo.

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