AVARIAS: Jesus e a escola pública

Opinião de Fernando Proença

Passo tempo sem ver muita TV e não me tenho dado mal com o tratamento. Hoje, sábado vinte e um, vi os noticiários (vários, em diferentes canais) e neles a história das vaias a António Costa em Santo Tirso. O que faz vestir camisolas amarelas àquela gente? O grande amor ao pleno emprego da classe docente? Então onde andavam os bimbos de Santo Tirso quando cerca de vinte e oito mil professores da escola pública foram para o olho da rua com os cortes do governo anterior? Aplaudiam Passos Coelho? Quando o ex-Primeiro ia ao Alentejo e era vaiado, logo apareciam os comentadores de serviço a afirmar a pés juntos: “era gente instrumentalizada pelo PC”. Espero que desta vez não se esqueçam os mesmos comentadores de encontrar os respectivos mentores da manobra de instrumentalização. Será o fantasma de Cavaco? O CDS não será com certeza e o PSD não bate assim. Talvez uma manobra do mesmo PCP, para estar com o governo e contra o governo? Não consigo identificar e não sou comentador político. Agora, a história de todos pagarem o colégio de alguns tem defesa? Tem. Todos têm direito a um julgamento justo, mesmo os piores criminosos. E aqui não se dá o caso. No entanto podem os liberais esperar sempre pelos subsídios do Estado, quando dizem querer menos Estado? Perguntem ao Marques Mendes.

Vejo também, na mesma noite, a SIC Notícias. O programa chama-se “Tempo Extra” e é sobre futebol, não se distinguindo de mais trezentos espaços que vão aparecendo nos vários canais da televisão portuguesa. Trezentos é exagero, devem ser só duzentos e noventa. O convidado é Jorge Jesus, ele próprio. A entrevista é do pivot (menos) e de Rui Santos (muito mais). Pelo que me pareceu, Jesus e Rui Santos são amigos, o que em termos relativos é o mesmo que se pôr José Rodrigues dos Santos a entrevistar Pedro Passos Coelho. Isto porque a prosa do comentador transbordava admiração, uma proximidade que me colocou a ver aquilo mais na área da afetividade do que do jornalismo. O que se estava a ver não era bem uma entrevista, era mais um passar a mão pelo pêlo do leão, para usar uma imagem muito querida pela imprensa. Jesus mostrou-se em forma e demonstrou que: 1 – é o maior. 2 – é o segundo e o terceiro maior (é o maior até ao sétimo, depois entram os outros) 3 – tem como única forma de tratamento a segunda pessoa do verbo: “tu fazes um jegador “; “tu ensinas a jegar”. Onde se ouve: “tu fazes um jegador” devia ouvir-se: “eu faço um jegador” e assim sucessivamente… 4 – usa como ninguém a palavra “pertanto”.

Como li de outros, há muito de parecido entre Pedro Passos Coelho e Jorge Jesus. Passos fala como se ainda fosse primeiro-ministro (até usa a bandeirinha na lapela do casaco) e não o é. Jesus fala como se este ano tivesse sido campeão de tudo e mais alguma coisa. E afinal de contas a sua única conquista foi a supertaça, do ano anterior. Até quinta.

Fernando Proença

 

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