AVARIAS: Digo eu, que sei pouco

 

O acréscimo da oferta de notícias em televisão deu a barraca que os meus amigos sabem. Mais espaço para notícias e mais gente dependente da televisão: as duas coisas somadas têm como consequência que tudo o que há dez anos (há vinte muito mais, mas eu não quero estar com futurologia do passado) era uma notícia de semanário local, agora é abertura de jornal nacional. Tudo com honras de directos e discussão, em mesa redonda, das possíveis consequências, para a toda a humanidade, de uma merdice qualquer no decorrer dos próximos dez anos. O melhor exemplo desta maluquice a que estamos votados, será o caso da putativa cuspidela de Bruno de Carvalho, ou do presidente do Arouca ou Tondela (confundo os dois. Em boa verdade devia ser feita uma equipa que englobasse o melhor das duas, ou o pior, tanto faz…chamada Aroutela ou Tondouca) de tentativas de agressão. A suposta cuspidela está misturada com insultos, chapadas que ficaram por dar, coisas de dirigentes de futebol. Em situação normal tudo aquilo que se resume a quase nada, mas hoje tira o sono a uma equipa inteira de comentadores. E pressinto que podendo estar a dizer que o caso português seja muito mau, não daria por ciência certa, que tudo isto não se possa passar noutros países. No Brasil daria para umas boas porradas, em Espanha uma notícia no jornal Marca, no resto não arrisco. Em Portugal, pelo contrário, nos cafés onde existe televisão e homens a ver, lá estão dezenas de olhos focados, meio na cerveja, meio na TV. Não devem existir piores dirigentes que os do futebol tuga, no aspecto em que as pessoas imitam na vida no que pensam que ela se aproxima do puro voyeurismo das redes sociais. É mais importante perder tempo com inanidades, do que por exemplo ganhar dinheiro. Não gosto de um futebol atrelado a interesses económicos. Está tão longe do espírito em que os adeptos decidem o que pode ser ou não o jogo, que quase não o reconheço. Mas se fizeram a SAD, não deviam, pelo menos, cuidar que nas suas actividades estivesse inscrito que não deviam perder dinheiro? Não sabem fazer do futebol uma actividade rentável e estão preocupados apenas com a diversão. São apenas frívolos e básicos. Não digo que andem de armas na mão (suponho que na Rússia seja pior), ou que um deles (Bruno de Carvalho ou inimigo do cuspo) fosse condenado à forca se o caso se passasse na Arábia Saudita e isso estivesse previsto no Corão; mas são rascas como seja possível sê-lo. Aliás, tirando a política como profissão, ser-se dirigente de futebol, deve ser das actividades menos prestigiadas por cá. Se o Mundo fosse um lugar mais justo, os comentadores que vão à televisão largar postas de pescada, a falar que o futebol é isto ou aquilo, seriam amanhã, os dirigentes que salvariam o futebol português. Mas não o fazem porque não querem; porque na política se começa nas jotas e no futebol, por exemplo, na construção civil. Agora, sem construção, não sei onde farão o tirocínio: talvez na associação de amizade luso-chinesa. Digo eu que sei muito pouco.

Fernando Proença

 

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