AVARIAS: Daqui por uns dias no Rio de Janeiro

Opinião de Fernando Proença

Escrevo estas linhas em pleno noticiário da RTP, horas antes do jogo com os franceses e mais uma vez pelo que vejo e ouço, tenho mais a impressão que o problema do futebol na televisão não é o futebol, mas tudo o que anda à sua volta. Imaginem o que seria como antigamente, um jogo ser só um pouco mais que o jogo: umas imagens e entrevistas um dia antes e seguíamos para a final. Depois apareceria o chamado rescaldo (como o rescaldo de um incêndio) do encontro. Hoje tudo mudou, são horas e horas, dias e dias, entrevistas a tudo o que mexe. É isso que desmobiliza os não crentes e enche os canais generalistas. Nestes, pelo Verão de dois mil e dezasseis, só se conseguem ver maratonas de telenovelas, conversa sobre tácticas e a capacidade de Fernando Santos conseguir alinhavar, no meio de duas rezas, a táctica para a final. A ver vamos.

Continua o folhetim sobre as sanções a Portugal. Em sonhos lembro-me sempre que aos portugueses que as defendem, deviam ser imputados o seu pagamento e solução. Na frente sempre Pedro Passos Coelho, que para meu espanto continua a ter inúmeros adeptos, devia pagar a parte de leão (a CGD facilitava-lhe o empréstimo para fazer face às despesas, depois voltávamos a pôr lá dinheiro. Toda a vida será igual). O primeiro-ministro que fez o que fez, por incompetência ou maldade, vem a terreno defender (não abertamente) a canzoada que nos quer entalar e que defendeu a França, quando esta fez exactamente o mesmo. Vi também Miguel Sousa Tavares dizer, no espaço que tem na televisão, que nunca houve sanções, mas que alguma vez terá que ser, género tem que se começar por algum lado. Só o facto de num altura destas, este homem nos lembrar que devemos ser nós a pagar o pato, mostra bem a sua verticalidade no ataque aos portugueses, onde ele obviamente não se inclui. Há coisas que não enganam quanto à falta de qualidades de um individuo: lembrar-se que a Europa podia começar a cascar nos países mais pobres, e entre eles começar por Portugal, é uma delas.

Vejo pelo canto do olho, o Campeonato da Europa de Atletismo. Portugal está, como se costuma dizer, de costas voltadas para tudo o que não é futebol. Sabe-se que virão os Jogos Olímpicos e com eles a decepção que acompanha sempre os atletas portugueses que pouca gente sabe quem são. Os desportos não futebolares (também tenho direito a palavras novas), são hoje por cá, um segredo bem guardado. Certo é que nessa altura (Agosto), não iremos estar pregados à televisão apenas pelos nossos e isso pode até não ser tão mau como isso. Resvalámos para o canto da indiferença para tudo que não seja bola, não sei ainda por que razões: cada vez anda mais gente a tratar dos seus corpos nos triatlos, duatlos, ciclismo e, ao invés, também cada vez mais ligados ao futebol, talvez pelo efeito de bovinidade que é, igualmente uma nossa característica. Ligados ao futebol, mas sentados frente à televisão, de pantufas ou minis com os amigos, não nos estádios que andam constantemente vazios.

Fernando Proença

 

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