AVARIAS

Triste Fado?

 

Agnelli (o legítimo, o da FIAT) disse uma vez – a respeito de Rui Barros que era atleta da sua Juventus – que não gostava de jogadores que não se viam da bancada. À parte a grosseria, serve esta ordem de ideias para comunicar aos meus três leitores, que não gosto de desportos com bola (ou algo que se aproxime) em que não se vê a bola. Nem digo da bancada porque lá não ponho os cotos mas da televisão que para o – meu – efeito é igual. O objecto da minha opinião é, caso ainda não me ter feito entender, o hóquei em patins. Mas podia ser hóquei no gelo, hóquei em campo: hóquei, ponto final. Não que me sejam completamente indiferentes: no hóquei em campo sempre me causou espanto e inveja que jogadores e jogadoras com um pau (com uma curva na ponta) na mão, consigam dar caminho a uma bolinha no meio de um relvado S M L XL XXL. Num espaço muito menor o antigo futebolista Vítor Baptista perdeu um brinco durante um jogo de futebol e nunca mais o encontrou. Pois estava cá o maduro (vá de retro satanás, três toques na madeira e uma benzedura) a ver uma – como se diz agora – janela do jogo entre a nossa equipa do mesmíssimo hóquei e a Suíça, quando descobriu pelas informações do comentador, que os portugueses dos patins gostam de ser tratados como “ursos”. “Ursos”, provavelmente como os angolanos do futebol são os “palancas negras” e os cabo-verdianos os “tubarões”( se não estou em erro). “Ursos” para portugueses, é como chamar à selecção Islandesa “os dragões de Komodo”, ou à equipa de andebol de S. Tomé e Príncipe “pinguins graciosos”. Eu devia ser um gajo decente não criticando e sempre a apoiar as nossas cores mas não tenho emenda.
Os europeus de hóquei têm e terão sempre o mesmo calendário: Portugal – Suíça; Portugal – Alemanha; Portugal – França; Portugal – Ingla-terra; Portugal – Andorra; Portugal – Holanda; Portugal – Mónaco (quando o príncipe Alberto patrocinar a coisa); Portugal – San Marino (quando obrigarem os únicos cinco patinadores do principado a formarem uma equipa); Portugal – Guarda Suíça do Vaticano (quando existirem disponíveis equipamentos às riscas a parecerem balões de S. João); Portugal – Gibraltar, “os macacos garbosos”: até aqui contamos por vitórias os jogos disputados. Por último, Portugal – Itália (onde empatamos, embora em termos de jogo jogado tenhamos sido muito melhores) e Portugal – Espanha em que fazemos a melhor exibição do torneio mas somos prejudicados pelo árbitro, como é invariavelmente o caso. Penso que o Portugal – Espanha devia abrir sempre qualquer competição desta modalidade. Se ganhássemos (o que não é o caso, há para aí quinze ou vinte anos) continuávamos para bingo, tendo no entanto que ganhar à Itália. Se perdêssemos não se falava mais nisso, no resto do campeonato punham-se os novos para ver se ganhavam traquejo… para perder no campeonato seguinte.
Fernando Proença

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1 COMENTÁRIO

  1. Portanto, infere-se que o nosso caro Proença não gosta demasiado do jogo do pau dos “ursos”. Mas, e que fique bem esclarecido, que eu não pretendo dizer que o nosso caro articulista Proença, detesta “jogar a pau com os ursos”. Nada disso. Simplesmente não gosta muito de hóquei em patins.
    De todas as formas, não escamoteemos que os “ursos” hoquistas lusos gostam mesmo de jogar ao pau, e levar com ele na corneta até ao último segundo do prélio. Às vezes, ainda trazem um caneco ou outro, debaixo do braço. Longe vão os tempos do Bouçós e do Livramento e tantos outros, alguns laurentinos, que nos faziam sonhar e chorar (e até as pedras da calçada) nos relatos do Artur Agostinho (que a sua alma esteja em descanço, desse bom amigo da Sonarte e do Record).
    Mas eu, que também não gosto de jogar “a pau com os ursos”, e gostando mais de dar com o pau na bola (raquete de ténis), até aprecio ver um bom joguinho de hóquei em patins: é emocionante até ao último toque da corneta.
    Por acaso, no último jogo do campeonato europeu disputado com a Espanha, empataram. E o árbitro que até era parte interessada no vencedor final da prova, e segundo o meu ponto de vista (televisivo), quanto a mim apenas cometeu um ligeiro deslize no final do encontro, mas que não influenciou demasiado a pretensão de Portugal, e assim a Itália levou o caneco para casa.
    A surpresa das surpresas foi a selecção alemã de hóquei em patins. Parece que estamos em presença de um adversário de peso no futuro, numa modalidade que anda de facto e ligeiramente em zig-zag, mas anquilosada no tempo. Bom, está bem, Angola (Luanda) também realiza os seus campeonatos – é mais uma esperança da lusofonia.
    (Sou do tempo da rivalidade do Paço d´Arcos com o Oeiras, e dos jogos no pavilhão da Luz com o Sporting. Ambos, davam sempre pázada de criar bicho. Eu via-os ao vivo, e posso afiançar que davam medo, de tanta pancadaria que havia no recinto e que se projectava nas bancadas. E mesmo das bancadas para o recinto, com a agressão aos jogadores, quando estes se aproximavam demasiado da vedação. Cenas de verdadeira barbárie, aquelas de pugilato e de tijolos embrulhados em jornais, nos anos sessenta.)
    O fair play no desporto, ainda não tinha sido inventado.

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