Ameaça de “lay-off” na CIMPOR de Loulé

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A administração da CIMPOR tem vindo a contactar os trabalhadores da fábrica de Loulé informando-os sobre um processo em curso de “lay-off”, envolvendo a paragem da produção e a redução do salário.

As notícias que têm vindo a público levaram já o PCP a questionar o ministro da Economia sobre as medidas que o Governo irá adotar para impedir a paragem de laboração na fábrica, “salvaguardando uma produção estratégica para o país e centenas de postos de trabalhos diretos e indiretos”.

O Grupo Parlamentar do PCP questionou ainda o Governo se pondera recuperar, a prazo, o controlo público da produção de cimento, considerada estratégica para o desenvolvimento do país.

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“O processo de ‘lay-off’, que em muitos casos antecede o encerramento das empresas, pode responder aos interesses de maximização do lucro por parte dos acionistas, mas não responde aos interesses da região algarvia e do país”, consideram os comunistas.

PCP considera que esta situação é “inseparável” do processo de privatização da CIMPOR, iniciado em 1994, prosseguido por sucessivos governos do PS e do PSD e concluído pelo anterior Governo PSD/CDS.

“Uma privatização, denunciada e combatida pelo PCP, que determinou que aquele que chegou a ser o mais importante grupo industrial português esteja hoje nas mãos de um grupo económico brasileiro – Camargo Correa – com uma estratégia e objetivos que nada têm a ver com os interesses nacionais”, refere o PCP.

A fábrica da CIMPOR em Loulé, cuja atividade tem estado sobretudo concentrada na produção de cimento para a exportação (Argélia) e para o mercado interno do sul do país, emprega direta e indiretamente quase 200 trabalhadores. No entanto, o seu impacto no concelho de Loulé e na região algarvia é mais vasto, envolvendo diversas atividades, como por exemplo a movimentação de cargas a partir do porto comercial de Faro.

A ameaça de “lay-off” na fábrica de Loulé “representa, além de mais um rude golpe no aparelho produtivo regional, uma crescente ameaça de deslocalização da produção de cimento, agravando a dependência de Portugal no acesso direto a uma matéria-prima estratégica para o desenvolvimento nacional” e “constitui prova do desprezo a que a produção nacional tem sido votada, o facto – mais trágico do que caricato – de ao lado da fábrica de Loulé da CIMPOR estar em construção uma gigantesca obra (IKEA) com cimento… espanhol”, lamentam os comunistas.

Para o PCP, não é aceitável – face aos mais de 500 milhões de euros de lucros apresentados pelo grupo económico Intercement, onde se insere a CIMPOR, que possui 39 fábricas de cimento espalhadas pelo mundo, das quais três em Portugal – que seja interrompida a produção de cimento em Loulé, reduzidos os salários e ameaçados os postos de trabalho, colocando a Segurança Social a pagar as opções dos acionistas da empresa.

“O que se exige é a tomada de medidas para a diversificação de clientes e mercados (incluindo o mercado interno), a modernização e investimento na produção, e a valorização dos direitos laborais e condições de trabalho, incluindo a integração de muitos trabalhadores que trabalham na fábrica por via de contratos de prestação de serviços”, defende o PCP.

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