Na passada sexta-feira, dezenas de manifestantes concentraram-se à porta da Agência de Gambelas da Caixa Geral de Depósitos, expressando o seu repúdio pelo anunciado encerramento desta agência que tanta falta faz à população e às pequenas empresas da Freguesia de Montenegro, assim como à comunidade académica do Campus de Gambelas da Universidade do Algarve.
Ao promover esta concentração e outras iniciativas, o PCP manifesta o seu total empenho na luta contra o encerramento desta e de outras agências da Caixa Geral de Depósitos, no Algarve e por todo o País, considerando que o inadiável processo de recapitalização do banco público, atualmente a decorrer, não pode servir de pretexto para enfraquecer a sua presença no território nacional ou para despedir trabalhadores.
O anterior Governo PSD/CDS moveu uma intensa operação contra a Caixa Geral de Depósitos, visando a criação de condições para a sua privatização. Impôs opções de gestão que afastaram a atividade da Caixa dos seus objetivos estratégicos enquanto banco público. Impôs, escudado no Programa da Troica, a privatização da componenteseguradora do banco público – a Caixa Seguros –, colocando grande parte do sector segurador nas mãos do capital estrangeiro. Recusou-se a proceder a uma recapitalização adequada da Caixa Geral de Depósitos, ao mesmo tempo que, escandalosamente, direcionava 6.600 milhões de euros para a recapitalização de bancos privados, como o BCP, o BPI e o Banif.
Apesar de terem sido afastados de responsabilidades governativas nas eleições legislativas de outubro de 2015, PSD e CDS não desistiram do seu objetivo de privatizar a Caixa Geral de Depósitos, procurando, agora, descredibilizá-la e desestabilizá-la a partir de sucessivas comissões parlamentares de inquérito.
Quanto ao atual Governo do PS, apesar de defender a manutenção da Caixa Geral de Depósitos na esfera pública – opção que merece, naturalmente, a concordância do PCP –, tem tomado decisões erradas que contrariam o objetivo de garantir uma ótica de serviço público na gestão da Caixa.
Portugal precisa de um sistema bancário que defenda a soberania e independência nacionais, o investimento produtivo, a criação de emprego, o desenvolvimento económico e o progresso social. Este desiderato exige o reforço da Caixa Geral de Depósitos, e não o seu enfraquecimento, assim como exige o alargamento do sector público bancário por via da nacionalização do Novo Banco.
É necessário que nos mobilizemos, no Algarve, para exigir a reversão da decisão da Administração da Caixa Geral de Depósitos de proceder ao encerramento das agências de Gambelas (Faro), Monte Gordo (Vila Real de Santo António), Quinta do Amparo (Portimão) e Ameijeira (Lagos).
Esta é uma etapa necessária numa luta mais longa em defesa de um sector público bancário forte e dinâmico, ao serviço do povo e do país!
Paulo Sá
*(Deputado do PCP na Assembleia da República)