VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Confesso que tive muita pena em não ter podido assistir à iniciativa promovida pela Câmara de Alcoutim sobre o Contrabando. Mas a vida assim o obrigou. Estava fora do País no momento da sua realização. Curioso estou em conhecer as suas conclusões bem como as intervenções ai produzidas.

A razão deste meu interesse pela abordagem de tão singular actividade deve-se ao facto de também ser oriundo de um concelho fronteiriço no qual a actividade do contrabando, sobretudo, de café representava no plano económico e social importância de enorme relevo. Porque para além dos que se dedicavam em exclusivo a tal actividade, nas alturas de grande desemprego, motivado pela paragem ou grande diminuição da actividade agrícola, o contrabando era porta de saída para se obter algum ganha-pão que amenizasse dificuldades terríveis para quem era pobre, dependente e só da sua força de trabalho. A minha adolescência também foi ocupada numa das empresas que torrava café para o vender aos espanhóis, o que me permitiu ganhar algum dinheiro para dar continuidade à minha formação escolar.

Para além da venda que se desenvolvia em toda a linha de fronteira, de Norte a Sul, na minha terra, grupos de homens com 30 quilos às costas, marchavam durante a noite para atingir ao fim de três ou quatro dias povoações, cidades, de que Mérida é um dos exemplos, portanto, em distâncias já muito por dentro de território espanhol, atravessando rios e escalando montanhas.

Regressando à iniciativa que em boa hora organizou o município de Alcoutim, pelos relatos que tenho tomado conhecimento o êxito foi grande o que perspectiva a sua continuidade, mas o encontro também proporcionou, através de uma improvisada ponte, entre Alcoutim e San Lucas del Guadiana, um passeio, pelos vistos, bastante concorrido, o que também serve de prova para que a tão reclamada ponte que ao longo de anos as populações reclamam, dos dois lados da fronteira que os separa, possa vir a ter a sua conclusão em benefício do desenvolvimento dos territórios e povos que vivem, habitam, as margens do rio.

O último número do semanário Expresso publicou os dados de uma sondagem que mês a mês tem vindo a ser publicada. Os resultados desta última, confirmam a tendência que se tem vindo a impor. Ou seja, um aumento da distância entre PS e o principal partido da oposição, o PSD, a manutenção das intenções de voto nos partidos à esquerda do PS, o que pode significar que o PS está a crescer captando eleitores ao centro. Seja como for somados os resultados do PS com os projetados nos partidos à sua esquerda, alarga-se o fosso de distancia em relação ao conjunto da direita o que para além de conferir estabilidade à acção governativa, cria condições, como por mais de uma vez aqui o tenho referido, para que os actuais acordos do PS com os partidos à sua esquerda possam vir a ser aprofundados.

É neste quadro que também entendo as declarações de António Costa ao afirmar que mesmo em presença de um resultado que desse maioria absoluta ao PS, tal facto, só por si, não dispensaria a continuidade dos acordos que actualmente mantem, com os partidos à sua esquerda.

NB: Defendo que o aeroporto de Faro se passe a chamar aeroporto do Algarve Manuel Teixeira Gomes

Carlos Figueira

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